Jocélio Leal10 Jan 2008 – 00h16min
É empírico, não há pesquisas da Fecomércio ou da CDL, mas o depoimento do diretor de uma importante rede do varejo de Fortaleza alerta: o ano que passou não foi dos melhores para o chamado varejo do ramo mole – bens de menor valor agregado, como roupas e calçados. Os motivos apontados são dois: a farra do crédito pessoal e a informalidade. O caso do crédito pessoal, em que as pessoas se comprometeram até o pescoço, já era uma pedra cantada há tempos, bem antes de o Governo decidir mexer nas regras esta semana. No caso do lojista em questão, uma história é reveladora: um aposentado que há anos costumava fazer as compras de Natal na loja dele, neste Natal não apareceu. O gerente telefonou para saber o que se passava. A resposta foi: estava sufocado por prestações de carro e apartamento. Noutros termos, o dinheiro migrou das compras menores para os bens duráveis. Faltou dinheiro para ir às comprinhas.
Mas o que preocupa mesmo os lojistas, em especial os do Centro, é a informalidade que campeia pela cidade. Engana-se quem pensar que são apenas micro e pequenos. Há indícios de que gente bem maior está por trás da verdadeira cadeia de vendas instaladas nas calçadas. O caso mais emblemático fica a 100 metros da sede da Secretaria da Fazenda (Sefaz) e a 50 metros do Paço Municipal. É a feira em frente à Catedral. Falam em 3 mil fornecedores. Tudo à margem dos tributos e mordendo o mesmo bolo já repartido por empresários que pagam impostos e direitos trabalhistas. A mesma informalidade que percorre os becos da cidade, de modo especial o da Poeira. O sentimento dos lojistas é de sufocamento. Já se queixavam dos camelôs e vêem agora Fortaleza se transformando na Meca do comércio informal. Temem que esta Meca atraia mais e mais devotos da informalidade.
A NOVA GIGANTE DOS POSTOS O presidente da AleSat Combustíveis – sexta maior distribuidora de combustíveis do País, fruto da união da mineira ALE e da potiguar SAT -, Marcelo Alecrim, está em Fortaleza hoje. Ele veio à instalação do primeiro posto do Ceará com a nova marca única ALE, na Parquelândia. Já é adotada nos 1.250 postos da rede. Inicialmente, cerca de 70 postos no Norte e Nordeste, que hoje utilizam bandeira SAT, serão convertidos para ALE. Na unificação investe declarados R$ 21 milhões. Alecrim conversou com a Coluna ontem, enquanto voava para Fortaleza. Ele diz ter relação afetiva com a cidade. O Ceará foi o segundo estado onde a então SAT, fundada por ele, abriu postos. Hoje, a AleSat é uma das grandes do País. É a mais nova integrante do poderoso sindicato das gigantes do setor, como Esso, Texaco e Shell, o Sindicom. Apenas um número: neste ano, o faturamento da empresa deverá ser de R$ 5,8 bilhões.
Em tempo: a AleSat acaba de fechar acordo operacional com a Esso. Com isso vai dividir base de armazenamento em Fortaleza, por enquanto, no Mucuripe. Alecrim disse à Coluna que a empresa vai destinar, até o final deste ano, R$ 120 milhões para ampliar a rede de postos, aperfeiçoar a logística e implantar novos sistemas de tecnologia da informação. Em média, a empresa tem vendido declarados 270 milhões de litros de combustíveis por mês. No Ceará, são 12 milhões. Hoje tem 150 caminhões e quer 300 até 2010. Outro alvo: inaugurar 800 novos postos nos próximos quatro anos. Um dos orgulhos de Alecrim é o fato da empresa dele ter virado case estudado em Harvard. Pelo visto, outras teses virão.
Fonte http://www.opovo.com.br/www/opovo/colunas/verticalsa/757837.html