Os cortes nos recursos destinados ao Sistema S, sinalizados pelo Governo Federal, se efetivados, vão afetar, principalmente, a parcela mais pobre da população brasileira. Essa é a avaliação do vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Francisco Cavalcante, que participou, ontem, de audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados.
No encontro, Cavalcante afirmou que “o prejuízo seria para a camada mais pobre da população, que recebe mais permanentemente as ações do Sistema S”. Uma das instituições que pode ser afetada é o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), voltado à qualificação de mão de obra dos setores de serviço, comércio e turismo. Em 2018, o curso de Guia de Turismo foi o mais procurado: 4,5 mil matrículas foram feitas nas unidades do Senac, em todo o País. Em seguida, aparecem os cursos ligados à hospedagem e alimentação, como governança em hotelaria e técnicas básicas para cozinheiro.
Para debater a relevância do Sistema S, deputados federais e representantes da indústria se reuniram para que fossem apresentados dados dos serviços prestados pelas nove instituições. A audiência pública foi pedido do deputado federal Glaustin Fokus (PSC-GO), que presidiu a sessão na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara dos Deputados.
Debate
Um dos parlamentares presente na reunião foi o deputado federal Tiago Dimas (SD-TO). Na avaliação dele, “o poder público não consegue ter eficiência em determinadas áreas, enquanto o Sistema S consegue ser muito eficiente naquilo que propõe”. Durante o debate, Dimas destacou que a ideia de um possível corte nos recursos do Sistema S é preocupante. “Isso não pode atrapalhar, de forma alguma, o brilhante trabalho que essas instituições vêm fazendo para o país”, afirmou.
O encontro contou ainda com a participação do deputado federal Amaro Neto (PRB-ES). O parlamentar acredita que o Governo se precipitou ao anunciar cortes no Sistema S sem fazer um estudo sobre o trabalho realizado pelas instituições. Ele ressaltou que, no Espírito Santo, o Sistema S é “forte, parceiro de órgãos e instituições, atuante nos problemas e nas soluções do Espírito Santo”.
Amaro Neto elogiou a iniciativa de se realizar audiência pública para debater o tema. “Nada melhor que uma conversa como essa com os deputados e com a sociedade, para que as pessoas possam conhecer ainda mais o trabalho”, completou.
“Retrocesso”
Representante de um estado onde se concentra um dos maiores polos industriais do País, o deputado federal Zé Neto (PT-BA) declarou que vê a ideia do corte como “um retrocesso”. Ele disse estar preocupado com o que assiste do ponto de vista do “capital nacional” do país, com processo de “destruição do Estado brasileiro”. “Há um processo de destruição do Estado brasileiro e estou muito ciente disso, das instituições, que vão desde as representações até os nossos órgãos, como eu disse há pouco sobre o IBGE. Não dá para ouvir de um órgão do governo que o IBGE não tem credibilidade. Isso é conquista do Estado brasileiro, não do governo, como digo que o Sistema S é uma conquista da sociedade brasileira, da indústria brasileira”, declarou Neto.
Segundo o parlamentar, o empresariado não pode aceitar essa redução dos recursos destinados ao Sistema S por achar que isso vai melhorar o ambiente de negócios. “É preciso colocar na cabeça do empresário a diferença entre custo, o que é preço e o que e investimento”, salientou.