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Cortiços, lixo e criminalidade – DN Cidade

By 22/11/2010janeiro 10th, 2011One Comment

FAVELIZAÇÃO DO CENTRO (22/11/2010)

Poupa-ganha: no imóvel abandonado na Av. Imperador, residem mais de 20 jovens, entre crianças e adolescentes, segundo os moradores. No lugar, as instalações sanitárias são improvisadas

Poupa-ganha: no imóvel abandonado na Av. Imperador, residem mais de 20 jovens, entre crianças e adolescentes, segundo os moradores. No lugar, as instalações sanitárias são improvisadas

Carandiru: na Rua Tereza Cristina, um prédio ocupado reúne vários cubículos, crianças cuidam umas das outras enquanto os pais estão no trabalho informal

Carandiru: na Rua Tereza Cristina, um prédio ocupado reúne vários cubículos, crianças cuidam umas das outras enquanto os pais estão no trabalho informal

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Galpões clandestinos causam incômodo a moradores FOTOS: NATINHO RODRIGUES E MIGUEL PORTELA

Na região central, acumulam-se obstáculos que minimizam o interesse da classe média em residir na área.

Durante o dia, a energia do comércio do Centro de Fortaleza e a intensa movimentação de pessoas terminam por esconder ou disfarçar uma série de problemas sociais que ali persistem e tomam visibilidade com o chegar da noite. Os recicladores caminham para os depósitos de lixo e, ao redor dos quarteirões por onde passam, deixam o lastro de sujeira, que é levado pelo vento, acumulando-se nas portas das casas que resistem à decadência imobiliária da região.

Os antigos moradores, na maioria das vezes idosos, sentem-se impedidos de colocar suas cadeiras nas portas, incomodados com o acúmulo de sujeira e o mau cheiro dos galpões de lixo irregulares, que vêm alterando, nos últimos anos, a paisagem e o perfil da vizinhança.

Quando não, são as mesas de bares tomando as calçadas que, somadas ao som em alto volume, interferem num espaço que poderia ser de sossegadas moradas. O problema é que se tornaram locais de disputa e rivalidade entre travestis, garotos de programa, boates, casas de prostituição, cinemas pornôs e pequenos motéis.

Tráfico de drogas

Além do lixo e da prostituição, durante o dia, uma quantidade excessiva de assaltos acontece à vista de comerciantes e transeuntes. De acordo com levantamento do 34º Distrito Policial, o roubo de celulares está no topo do ranking das ocorrências registradas. Além dessa, existem outras marcas de violência e criminalidade que chegam ao que os urbanistas chamam de “centro estendido” e que abriga áreas preocupantes para a Polícia por concentrar picos de tráfico de drogas.

Essa, infelizmente, é uma realidade contemporânea do Centro que teve, ao longo dos últimos anos, os espaços públicos como praças, calçadas e canteiros de avenidas igualmente alterados, tomados pelo comércio ambulante e informal.

Características, entretanto, que não são específicas da Capital alencarina, defende a secretária executiva do Centro, Luiza Perdigão, mas que podem ser encaradas como problemas sociais que minimizam, cada vez mais, o interesse residencial da área. Tanto que, em dez anos, houve uma queda de 19,2% da população residente: foram 5,9 mil pessoas que saíram do Centro. Enquanto em 2000, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia 24.775 habitantes no bairro; em 1991, eram 30.679 pessoas.

O retrato é de uma área que deteriorou-se quando os moradores originais foram deslocados para novas áreas da Cidade. Por outro lado, enxergando a qualidade estrutural da área, várias famílias de baixo perfil so-cioeconômico aproveitaram-se do abandono de imóveis bem localizados, puxaram água e energia de forma clandestina e transformaram velhas paredes erguidas em novos cortiços.

De acordo com a última versão do Plano Habitacional para Reabilitação da Área Central de Fortaleza, existem pelo menos 448 famílias vivendo em cubículos. Entre os diversos cortiços espalhados pela área central, dois já foram alvo de muita polêmica: os conhecidos “Poupa-Ganha” e “Carandiru”. Na maioria das vezes, essas residências improvisadas não possuem instalações sanitárias adequadas. No Poupa- Ganha, por exemplo, o sistema é o de fossa.

Atualmente, a Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor) não desenvolve programa específico para essa demanda. Entretanto, de acordo com o plano de reabilitação, há pretensão do órgão de implantar novo programa a partir de 2011, para atender às famílias com renda entre dois e cinco salários mínimos. Essa ação, entretanto, ainda requer a elaboração de legislação específica para controlar e coibir os proprietários desses imóveis, a exemplo da Lei Moura, existente na cidade de São Paulo.

Insegurança
Pelo menos 25 B.Os. são registrados por semana

Na área central de Fortaleza, estão concentrados os maiores índices de violência. No site WikiCrimes (http://www.wikicrimes.org), é possível observar um mapa que aponta a região como “quente” em criminalidade. A última atualização da plataforma enumera 3.940 ocorrências criminais no bairro, das quais 46,9% são relativas a roubos e 25,18% a assaltos.

Na delegacia responsável pela região central da Capital, o 34º Distrito Policial, são registrados, em média, 15 assaltos por mês do tipo “saidinha bancária” e outros 25 boletins de ocorrência referentes a delitos em vias públicas, como roubo de celular. Segundo o titular do 34º DP, Aurélio Pereira, entre os delitos mais comuns ocorridos no Centro estão furtos, assaltos em vias públicas, roubos de carros, arrombamentos de lojas e depósitos, prostituição adulta e exploração infanto-juvenil, além de tráfico e consumo de drogas.

Movimentação

Comerciantes acreditam que as rondas policiais não chegam a intimidar os assaltantes. Para a empresária Lourdes de Souza, a situação de abandono de muitos prédios e terrenos potencializa a insegurança do local. Ela acredita que os ladrões encontram fuga fácil no Centro, por conta da intensa movimentação. “Todo dia, você vê gente correndo, gritando, mas pegar ladrão que é bom, nunca”.

Ainda conforme o delegado do 34º DP, entre as principais medidas tomadas pela Polícia que atua no Centro, destacam-se o radiopatrulhamento com as viaturas, o policiamento ostensivo a pé e a atuação dos policiais em cabines nas praças.

Aparelhamento que não é considerado suficiente pelo aposentado Moisés de Souza. Ele já foi assaltado por mais de uma vez no Centro e sofre com o medo a cada mês, quando vai receber a aposentadoria. “Foi-se o tempo em que andávamos em paz por aqui, o medo é até de andar a pé”, observa.

JANAYDE GONÇALVES
REPÓRTER

diariodonordeste.com.br

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=889221

One Comment

  • Anonimo disse:

    Sou funcionário do Cesar Cals e acabei de sofrer uma tentativa de assalto em frente a favela do Poupa Ganha.
    É absurdo que as autoridades sabem e não fazem nada! Está claro e evidente ao passar que tem marginal e é território do tráfico, mas nínguem faz nada.
    Só vão fazer quando um inocente morrer? É isso que estão esperando? ABSURDO!

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