A utilização em massa dos cartões de crédito nos faz levar a alguns cuidados e considerações. A primeira é que devemos ter cuidado com os juros cobrados
CONSUMO
Com a evolução do sistema financeiro e o avanço da tecnologia, o uso do dinheiro em espécie tem sido paulatinamente substituído pelos cartões de crédito. Várias são as vantagens da utilização da chamada moeda eletrônica, posso citar a sua ampla aceitação no comércio, a não utilização de talões de cheque e o transporte de dinheiro na carteira, que em momentos de violência como vivemos hoje tem sua relevada importância.
Existem cinco tipos de cartões circulando no mercado: os de crédito, débito, múltiplo (débito e crédito), pré-pago e os de loja (restrito a uma determinada rede de lojas). Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços – ABECS, existem cerca de 628 milhões de cartões circulando no mercado, com um faturamento de R$ 534,7 bilhões. Em 2000 eram 118,2 milhões de cartões, um aumento de 431%. Se considerarmos que a população brasileira, segundo o Censo de 2010, tem cerca de 190,7 milhões de pessoas, isso dá 3,29 cartões em média para cada cidadão brasileiro. Foram cerca de 7,13 milhões de transações, sendo que em sua maior parte por meio da utilização de cartão de crédito, que representou 41,58% das transações. Em segundo lugar, ficaram os cartões de débito com 39,89% e por último os cartões de loja e rede com 18,53% das transações. Agora o mais interessante é que a variação mais expressiva em termos de transações, nos últimos dez anos, ficou com os cartões de débito que evoluíram nesse período 1.277%. Os cartões de crédito variaram no mesmo período 419% e os de rede e loja 312%.
Como vimos, a utilização em massa dos cartões de crédito nos faz levar a alguns cuidados e considerações. A primeira é que devemos ter cuidado com os juros cobrados pelas administradoras de cartão. O crédito rotativo, que é aquele que você usa quando paga somente o valor mínimo, chega em média a 240% a.a. ou o equivalente a 10,74% a.m.. Assim, pagar o mínimo, somente quando for extremamente necessário. É preciso muito cuidado para isso não virar hábito e transformar-se numa verdadeira “bola de neve” de endividamento.
Se for preciso, faça um empréstimo num banco ou numa financeira com um juro menor e quite sua dívida junto ao cartão.
É bom enfatizar que na opção do crédito rotativo, ou seja, no financiamento, os juros incidem somente sobre o saldo verificado entre o valor da fatura e o valor pago. Por exemplo: O valor do pagamento total da fatura no vencimento é de R$ 400, nesse caso o pagamento mínimo seria de R$ 80 (20% de R$ 400) e o valor do saldo (o restante) é de R$ 320, que será o valor a ser financiado e onde será cobrado os juros. Podem incidir, por ocasião de atraso no pagamento, além dos juros, multa moratória de cerca de 2% e juros de mora de 1%.
O Banco Central (BC) anunciou, no final do ano passado, novas regras para o setor de cartões de crédito no País. O Governo, para estimular o uso racional e a possível inadimplência no uso dos cartões de crédito, estabeleceu que a partir de 1º de junho deste ano, o valor mínimo será de 15% do total do pagamento, que hoje é de 10%. Alerto que alguns bancos já estão usando o mínimo de 15%.
Para finalizar, indico por sugestão da ABECS de forma resumida, alguns cuidados que o portador deve ter com o cartão e com a senha:
Assinar o cartão no local indicado, imediatamente após o seu recebimento;
Solicitar a devolução do cartão após o uso e conferir se o cartão devolvido é realmente o seu;
Não danificar a tarja magnética e/ou chip;
Não emprestar o cartão a terceiros, mesmo que sejam parentes, amigos ou pessoas de confiança (peço cuidado especial com esse item);
Nas compras por Internet, telefone ou outra forma de transação sem a presença física do portador no estabelecimento, é importante confirmar se realmente a comunicação está sendo feita com o estabelecimento desejado;
Evitar exibir ou informar o número do cartão em qualquer que seja a forma de abordagem, caso não tenha intenção real de adquirir o produto ou serviço;
O portador deve ter cuidado ao digitar sua senha, não permitindo que estranhos possam identificá-la;
Cuidado com a senha a ser escolhida, evite data de nascimento ou de casamento, CPF ou outros números de documentos que podem ser facilmente identificados em caso de perda, roubo ou extravio;
O portador nunca deve assinar comprovantes em branco. Se o formulário possuir papéis carbono, estes devem ser destruídos logo após a assinatura no comprovante.
Use os benefícios do cartão de crédito de forma eficaz, inclusive como instrumento de auxílio no planejamento financeiro de suas compras. Sugiro a leitura do Manual do Portador do Cartão no site da ABECS, através do site www.abecs.org.br.
José Maria Porto
É economista e analista de mercado
José Maria Porto
[email protected]
Fonte O Povo Online
http://www.opovo.com.br/app/colunas/financaspessoais/2011/02/24/noticiasfinancaspessoais,2106366/dicas-importantes-na-utilizacao-do-cartao-de-credito.shtml