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Exportações pelo Ceará crescem 87,4% em 2017

By 11/09/2017setembro 12th, 2017No Comments

 

Exportações pelo Ceará crescem 87,4% em 2017

Já as importações feitas pelo Estado apontaram uma redução de 46%, de acordo com dados divulgados pelo Mdic

Artigos vendidos e comprados pela CSP interferiram significativamente na balança comercial cearense compilada pelo Ministério ( Foto: Helosa Araújo )

Mesmo com déficit de US$ 245 milhões na balança comercial do Estado entre janeiro e agosto de 2017, as exportações pelo Ceará nesse período tiveram um crescimento nominal de 87,4% em relação aos oito primeiros meses de 2016. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), as vendas ao exterior somaram US$ 1,2 bilhão no acumulado de 2017, ante US$ 685 milhões entre janeiro e agosto do último ano.

Já as importações pelo Estado registraram uma queda de 46% no mesmo período: as compras do exterior registraram US$ 1,5 bilhão em 2017, ante US$ 2,8 bilhões nos dois primeiros quadrimestres de 2016.

Somente no mês de agosto, a balança comercial registrou um déficit de US$ 56,2 milhões, resultado da diferença de US$ 156 milhões exportados e US$ 212 milhões importados.

Com o impacto da produção de placas pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), a exportação de produtos semimanufaturados, de ferro ou de aço, corresponde a quase metade de todo o volume exportado de janeiro a agosto deste ano pelo Estado – US$ 626 milhões (48,7%).

Em agosto, o volume de exportação do produto alcançou US$ 68,6 milhões, o equivalente a 43,8% do total de produtos exportados no mês. O segundo produto mais exportado no Estado, tanto no acumulado do ano quanto no mês de agosto, foi a castanha de caju, fresca ou seca, sem casca.

Representando 4,7% do volume exportado em 2017, US$ 61,1 milhões do produto foram vendidos a países do exterior, dos quais US$ 8,6 milhões no mês passado. Calçados de borracha ou plástico, com tiras superiores, ficaram em terceiro no ranking anual, com US$ 52,7 milhões vendidos até agosto.

Por outro lado, no ranking mensal, o terceiro lugar em volume de exportação foi ocupado pelas lagostas congeladas. Mais de 260 toneladas da iguaria foram vendidas a outros países, movimentando US$ 6,3 milhões. Completam o ranking mensal outros calçados de borracha e plástico (US$ 6,2 milhões) e couros e peles inteiros (R$ 5,7 milhões), e o anual, sucos de frutas ou produtos hortícolas (R$ 46,8 milhões) e gás natural liquefeito (US$ 45,9 milhões).

Destinos
Nesse ano, os países para os quais o Ceará mais vendeu foram Estados Unidos, com US$ 306,4 milhões (23,8% do total exportado); México, com US$ 219 milhões (17,1%); Argentina, US$ 82,6 milhões (6,4%); Itália, US$ 74,2 milhões (5,7%); Turquia, US$ 71,1 milhões (5,5%); Coreia do Sul, US$ 61,8 milhões (4,8%); Hungria, US$ 37 milhões (2,8%); Canadá, US$ 27 milhões (2,1%); Alemanha, US$ 26,3 milhões (2%); e França, US$ 25,7 milhões (2%).

Importações
Também impactado pela atividade da CSP, o principal produto adquirido no exterior em 2017 pelo Ceará foi a hulha betuminosa, que serve de insumo para a indústria local, por US$ 335 milhões, o equivalente a 21,9% de todo o montante importado no período. No mês de agosto, o produto também foi a principal aquisição externa e representou 17,4% das compras realizadas, com o montante de US$ 37,1 milhões.

O segundo produto mais importado, tanto no mês como no ano, foi o gás natural liquefeito, com o custo de US$ 189 milhões em 2017 (12,4%), dos quais US$ 35,5 milhões em agosto (28,4% das importações do mês). Em terceiro lugar de ambos os rankings estão outros trigos e misturas de trigo com centeio, insumo para os moinhos do Estado, que custaram US$ 113 milhões no ano (7,41%), dos quais US$ 22,6 milhões no mês passado (10,6%).

No ano, ocupam o quarto e quinto lugares, respectivamente, outras hulhas, com US$ 43,9 milhões (2,87%) e algodão, não cardado nem penteado, com US$ 40,1 milhões (2,6%). Já no ranking de agosto, a castanha de caju ficou na terceira colocação, com US$ 8,7 milhões (6,9%), e outros óleos de dendê, com US$ 6,4 milhões (5,1%), em quarto.

Compras
Em 2017, os países aos quais o Ceará mais comprou foram China, com US$ 260 milhões (16,9%); Estados Unidos, com US$ 186 milhões (12,2%); Colômbia, US$ 163 milhões (10,7%); Argentina, US$ 134 milhões (8,8%); Austrália, US$ 130 milhões (8,5%). Nigéria, US$ 115 milhões (7,5%); Alemanha, US$ 62 milhões (4,1%); Moçambique, US$ 46 milhões (3,0%); Índia, US$ 43 milhões (2,8%); e Angola, US$ 35 milhões (2,3%).

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Ajuste lento e gradual reduz crescimento

Um estudo do banco Credit Suisse identificou que o ajuste fiscal lento e gradual das contas públicas vai comprometer o potencial de crescimento do Brasil. Pela projeção da instituição, ao longo dos próximos 13 anos, período em que a preocupação do governo será sair do vermelho e voltar a poupar, a economia vai avançar apenas 2% ao ano, em média.

É uma taxa muito medíocre para o potencial do Brasil. Equivale a menos da metade da taxa prevista para os países emergentes, que está perto de 5%. Fica aquém até da projeção para a média de crescimento econômico global, que é próxima de 3%.

O economista-chefe do banco, Nilson Teixeira, faz uma ressalva: “Não quer dizer que, quando o País sair da recessão, não veremos taxas de crescimento maiores. Não é impossível, no curto prazo, um crescimento de 3% em um ano. A questão é quão sustentável será o crescimento no médio e no longo prazo”, diz.

Motores
Para entender como a equipe de Teixeira chegou a essa conclusão, é preciso ter em mente que a economia é movida por três grandes motores: gente para trabalhar, eficiência para produzir (medida pelo que se chama de produtividade total dos fatores, PTF) e também capital para investir (oferta de dinheiro estocado na forma de poupança, seja privada ou pública).

“O buraco nas contas do Estado drena a poupança privada e reduz a capacidade de investimento do País, comprometendo o potencial de crescimento”, afirma Paulo Coutinho, economista que coordenou estudo. Grosso modo, funcionaria mais ou menos assim: empresários e mesmo pessoas comuns perdem a confiança no futuro quando os entes públicos estão financeiramente fragilizados. Não se sentem motivados a investir na atividade. Buscam opções seguras, como comprar papéis do governo. É paradoxal, mas títulos públicos estão entre os investimentos mais seguros.

Nesse movimento, a poupança privada é canalizada para o Estado. Ajuda a bancar a máquina pública e os gastos obrigatórios, que respondem por 92% da despesa. Os 8% que sobram e podem ser cortados englobam basicamente o dinheiro do investimento público.

Resultado: enquanto as contas do Estado não voltam ao azul, a tendência é de queda geral dos investimentos. “O cenário já seria ruim se o ajuste fosse rápido, mas fica pior quando se leva em consideração que vai ser demorado”, diz o relatório. Hoje, o único mecanismo adicional de ajuste é o teto de gastos, que limita o aumento da despesa e tem efeito lento.

Mais falhas
Os dois outros motores do crescimento também estão falhando. Nos anos 1970, o Brasil cresceu até 10% ao ano, em parte graças a uma imensa oferta de trabalhadores. Havia muitos jovens, e milhões de migrantes deixaram o campo e foram para as cidades. Daqui para a frente, será o inverso. A oferta de trabalhadores cairá pois o País está envelhecendo.

A eficiência para produzir, por sua vez, nunca foi alta e até caiu. Educação de baixa qualidade, muita burocracia, carga tributária alta estão entre as ineficiências que derrubam a produtividade no Brasil. O relatório traz várias simulações cruzando oferta de mão de obra, de capital e produtividade até bater o martelo nos 2% de crescimento. “Apenas uma forte agenda de eficiência econômica reverteria esse cenário, algo difícil de ser feito agora”, afirma Coutinho.

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