BECO DA POEIRA (18/2/2009)
A mudança para a extinta fábrica Thomaz Pompeu, na Avenida Imperador, anunciada na última segunda-feira, não agradou a muitos dos permissionários e demais vendedores do Beco da Poeira. Para a maioria, a melhor proposta é a mudança para a estrutura, hoje inacabada, que se localiza no quadrilátero formado pelas ruas 24 de Maio, Guilherme Rocha, Tristão Gonçalves e São Paulo, ao lado do Shopping Metrô.
Segundo os vendedores, o dinheiro investido no que apelidaram de “esqueleto” e o fato de parte da estrutura estar erguida são motivos mais do que suficientes para a aceitação desse espaço. Geraldo Botão Fernandes, de 42 anos, sete deles como permissionário do Beco da Poeira, é um dos defensores do esqueleto. Ele, que faz parte da Associação dos Permissionários do Beco da Poeira (APBP), afirma que a vantagem de ir para o prédio é a permanência numa área, diz, mais valorizada do que a da fábrica.
“Está certo que, lá na fábrica, o governo está prometendo uma estrutura melhor, com banheiro etc. Além disso, fica só a uns 100 metros daqui, mas, em compensação, é mais escondido”. Antônio Helder, 42, e a companheira de boxe, Ana Lúcia Olegário, 38, são mais taxativos quanto à não-transferência para a fábrica. Para ele, muito dinheiro “suado” dos permissionários foi investido no esqueleto, tendo sido levantada parte da estrutura. “Pois eu acho que o problema é que tem muita associação envolvida nessa história (a APBP e a Aprovace – Associação Profissional do Comércio de Vendedores Ambulantes e Trabalhadores Autônomos do Estado do Ceará). Se tudo estivesse nas mãos de um só, que deve ser a Prefeitura, era mais fácil de resolver”, diz Lúcia. Conforme ela, na Thomaz Pompeu, os feirantes perderão visibilidade.
Já entre os consumidores, a opinião está mais dividida. A comerciante Maria Lúcia Bezerra, de 37 anos, não vê diferença na mudança. Na outra ponta, a avaliação do aposentado José Batista, de 54 anos: “Vai dar trabalho demais e eles estão há tanto tempo aqui”.
Maia Júnior, presidente da Associação dos Empresários do Centro de Fortaleza (Ascefort), defende com “unhas e dentes” a transferência, que, para ele, deve ser feita de forma ordenada, seja ela para onde for. “O Beco da Poeira, da forma como está, atrapalha a ligação entre as praças José de Alencar e Lagoinha. Indo para a extinta Thomaz Pompeu, facilitará a reordenação do Centro”.
Ludmila Wanbergna
Repórter
ENQUETE
Opiniões divididas sobre a transferência
Irismar da Costa Silveira
44 ANOS
Consumidora
Não vejo que eles nem nós, que compramos no Beco da Poeira, vamos perder com a transferência. Vai até facilitar
Jhonny Batista
26 ANOS
Vendedor
O meu chefe já pagou uns dois mil reais por um lugar lá no esqueleto. Não creio ser justo ir para a fábrica