JOSÉ DE ALENCAR E SÉ (22/6/2009)
Na José de Alencar, ocupação preventiva deve prosseguir até a entrega do camelódromo, na Rua Guilherme Rocha
Depois da reabertura da Praça José de Alencar ao público, na última quinta-feira, homens da Guarda Municipal ocupam o logradouro público para evitar a volta dos camelôs que ocupavam o espaço antes da reforma, iniciada em janeiro passado. Ontem pela manhã, 16 agentes participavam da operação de vigilância no Centro, com o apoio de quatro viaturas e uma moto.
Segundo o subinspetor da Guarda Municipal e chefe da operação na manhã de ontem, Jamal Forte Carvalho, a companhia foi instruída a resguardar o local porque houve boatos de um possível retorno dos camelôs. Desde quinta-feira passada, segundo ele, equipes se revezam no local 24 horas por dia. Há ainda o trailer do Pelotão de Guarda Comunitária, onde funciona um posto fixo, com quatro homens.
Até ontem, segundo o subinspetor, não houve tentativa de descumprir a proibição de comércio pelos feirantes. Ele diz que a operação deve prosseguir até a entrega do camelódromo que será montado para 600 feirantes na Rua Guilherme Rocha, conforme divulgado pela Prefeitura de Fortaleza sexta-feira passada.
A operação de proteção à praça foi recebida com bons olhos por quem passava pela José de Alencar ontem pela manhã. Para o marceneiro Arimatéia Soares, 52, a presença dos guardas dá mais sensação de segurança à população. “Uma praça dessas é para as pessoas. Antes, até pra gente andar aqui era ruim”, opinou.
Já o cabeleireiro João Isaías, 28, disse achar uma “injustiça” a negativa para os camelôs ficarem na praça. “Eles só querem trabalhar”, entende. Mas já que a ordem da Prefeitura é desocupar o passeio público, Isaías concorda que eles sejam removidos desde que lhes seja disponibilizado outro espaço.
Centro vazio
Os locais sugeridos pela Prefeitura para os camelôs da José de Alencar trabalharem enquanto o camelódromo não fica pronto são a Praça da Lagoinha e a Rua Guilherme Rocha. Mas, ontem pela manhã, ambos estavam praticamente às moscas, devido ao fechamento das lojas no Centro e a distância temporal em relação à próxima data comemorativa — o Dia dos Pais, em agosto. Na Lagoinha, havia algumas pessoas conversando e um ou outro dormindo. No corredor de pedestres da Guilherme Rocha, a reportagem não contou mais do que quatro comerciantes.
Feira da Sé
Enquanto isso, na Praça da Sé, duas equipes da Guarda Municipal vigiavam qualquer tentativa de retorno ao local por parte dos feirantes que se mudaram para a Rua José Avelino e para Maracanaú, depois que a prefeita Luizianne Lins decretou o fim da Feira da Sé no último dia 18 de maio e que a Guarda ocupou o logradouro um dia depois.
Segundo o subinspetor Alailson Correia da Silva, a Guarda tem feito rondas diárias para garantir a desocupação da Sé e operações de permanência 24 horas de domingo para segunda pela manhã e de quinta para sexta, os dias mais tradicionais de feira na Sé.
COMÉRCIO NO CENTRO
Poucos pontos abertos no domingo
Passada a efervescência comercial do Dia dos Namorados e a sede dos lojistas por abrir os estabelecimentos aos domingos, a vida no Centro voltou ao normal no dia da semana consagrado ao descanso. Circulando pelo bairro ontem pela manhã, a reportagem do Diário do Nordeste só encontrou aberto um mercantil de bairro, cujos responsáveis preferiram não dar entrevista.
Situação não muito diferente entre os ambulantes. Na Rua 24 de Março, havia apenas dois vendedores de frutas e verduras e um de peixe. O verdureiro Antônio Claiton, 48, trabalha ali há 20 anos, de domingo a domingo. A pouca concorrência faz os poucos fregueses valerem a pena. “Para mim, compensa (trabalhar no domingo). Vendo para o pessoal que mora aqui no Centro”, explicou.
Já o peixeiro Geraldo Gomes da Silva, 76, só trabalha na 24 de Março aos domingos. O que pode parecer paradoxo se explica pelo fato de ele ter um box no Mercado São Sebastião, onde “não dá ninguém”. Se ficasse no ponto tradicional, venderia cerca de 10Kg de peixe, enquanto no outro local consegue o dobro. Contudo, diz que a razão de pegar no batente na manhã de domingo não é econômica. “Gosto de trabalhar”.
No Beco da Poeira, apenas dois permissionários foram vistos trabalhando. Um deles era o comerciante José Airton Alves Menezes, 40, dono de quatro boxes, dois de calçados e um de roupas. Ele diz que abre todos os domingos e faz um revezamento entre os funcionários para trabalhar até 15h.
Segundo ele, a principal clientela são pessoas de passagem pelo Centro, como evangélicos que freqüentam cultos de igrejas localizadas na Avenida Tristão Gonçalves. “A pessoa passa, olha, compra uma calça, um sapato, eu acho bom, é um faturamento a mais, porque as vendas caíram muito. Se eu ficar em casa, é pior, dá vontade de beber”, assume.
Raimundo Dias, que circula em uma moto vendendo lanches, diz que “não compensa abrir no domingo. Pra mim, só vale porque o lucro é meu”.
Ícaro Joathan
Repórter