EM MAIO
Em 2012, o fortalezense nunca esteve com o bolso tão apertado como no mês de maio. Compras motivadas pelo impulso e a redução de juros ajudaram a aumentar a inadimplência na Capital cearense, que pulou de uma média de 5,0% no primeiro quadrimestre para 6,8% neste mês.
O índice igualou o registrado em outubro do ano passado, que já tinha sido o mais elevado desde o segundo semestre de 2010. Os dados são do levantamento mensal denominado “Pesquisa do Perfil de Endividamento do Consumidor de Fortaleza”, realizada pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), em parceria com o Banco do Nordeste (BNB).
Conforme o estudo, em relação aos últimos três meses de maio, a elevação do número de pessoas sem condições de honrar seus compromissos financeiros, em Fortaleza, foi de 0,6 ponto percentual sobre 2010; e de 2,7 p.p. ante o ano anterior.
Contas em atraso
De acordo com a pesquisa, a quantidade de consumidores com dívidas em atraso – outro indicador importante para medir as condições de pagamento das contas do fortalezense -, também avançou. O índice chegou a 19,3%, em maio. Até abril, a média era de 17,9%. Isso quer dizer que mais consumidores correm o risco de se tornarem inadimplentes no próximo mês. Na série do último triênio, tendo maio como base, o crescimento foi de 1,3 p.p. sobre idêntico período do ano passado; e igualou os mesmos 19,3% registrados em maio de 2010.
Endividados
Quanto ao aspecto de quantidade de consumidores endividados na Capital, o levantamento indicou que, em maio, 64,1% dos fortalezenses estão em situação de endividamento. É o segundo mais alto índice de 2012, perde apenas para o mês de fevereiro (65,5%).
Sobre o histórico dos últimos três meses de maio, a mais recente pesquisa indicou que houve avanço no nível de endividamento do consumidor de Fortaleza. Foram 3,5 pontos percentuais sobre igual período de 2011; e 9,6 p.p. ante similar intervalo de dois anos atrás. Na opinião do presidente do Sistema Fecomércio, Luiz Gastão Bittencourt, os indicadores revelados pela pesquisa são motivo para alerta, mas não de preocupação. “As compras por impulso no Dia das Mães realmente pesaram para que a curva do endividamento, dívidas em atraso, e inadimplência crescesse um pouco. Se fosse em outro mês isso preocuparia, mas é natural que haja esse comportamento sazonal”, comentou.
Financiamentos
Para o economista Alex Araújo, o resultado está diretamente atrelado à queda de juros e aos empréstimos bancários voltados a renegociar dívidas ou adquirir bens duráveis. Essa modalidade de crédito ficou em segundo lugar, atrás apenas de cartões. “O uso do financiamento cresceu muito”, observa.
Segundo Alex, é “estranho” um índice de inadimplência alto quando o nível de atividade econômica está baixo como neste primeiro semestre. “Temos que esperar julho, quando inicia a segunda e mais aquecida metade do ano. Se não houver melhora de rendimento ou mudança no padrão de consumo, a renda do consumidor pode ficar mais comprometida nos próximos meses, já que os financiamentos são longos, entre 24 e 36 meses”.
Fecomercio pede o fim de medidas para conter o real
São Paulo. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (Fecomercio-SP) divulgou ontem nota à imprensa em que pede a revogação das medidas do governo para conter a valorização do real. “Para o bem do ambiente brasileiro de negócios e a continuidade dos intercâmbios comerciais, a Fecomercio-SP entende que o ´arsenal´ de medidas do governo para conter o câmbio deva ser desmobilizado”, diz a nota.
Segundo o assessor econômico da entidade, Fábio Pina, a elevação do câmbio para próximo de R$ 2 chama a atenção da sociedade, mas não é o que motivou a entidade a se manifestar sobre o tema. “Os R$ 2 são uma marca na qual todo mundo presta atenção, mas esse alerta era uma coisa de que já se falava. A gente sabe que, se o câmbio voltar a R$ 2,50 ou R$ 3, o governo vai ter de elevar os juros”. Na quarta-feira, a moeda americana foi a R$ 2,001, alta de 0,05%.
Ciclo de valorização
A entidade alega que a intensificação da crise europeia e o início da recuperação da atividade dos EUA deverão prorrogar o ciclo de valorização do dólar. “A federação vislumbrava novos momentos de tensão na Europa e sabia que isso seria suficiente para fazer com que o câmbio se desvalorizasse. Então, para que se antecipar ao mercado criando ruídos?”, disse. “A Fecomercio-SP já vinha alertando o governo, por exemplo, que mexer no Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para conter o câmbio não era o caminho porque o mercado passa a deixar de funcionar livremente”. Na nota, a federação defendeu a revogação da mudança no prazo de empréstimos estrangeiros isentos do pagamento da alíquota de 6% do IOF, que passou de três a cinco anos.
Além disso, a entidade criticou a alta em 30 pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados de fora do Mercosul e o aumento do IOF sobre as compras com cartão de crédito no exterior, de 2,38% para 6,38%. De acordo com a nota, o fim das medidas compensaria, em parte, as altas de custos dos produtos e de captação de recursos provocadas pelo novo posicionamento do câmbio.
ILO SANTIAGO JR.
Repórter
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1138812