ALIMENTOS PESAM
A contar do início do Plano Real, o mês só registrou variações superiores nos anos de 1994 e 1995
Na hora de sair de casa e ir às compras, o fortalezense, em um mês de setembro, não sofria um impacto tão forte no seu bolso há 17 anos. Isto porque, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), divulgado ontem, a alta nos valores de mercado de todos os produtos, no mês passado, foi, em média, de 0,67% em cima de agosto, a maior variação para mais desde 1996, levando em conta somente o mês de setembro. Esse registro só não é maior do que os de 1994 (1,45%) e 1995 (0,9%), primeiros anos do Plano Real.
O resultado é apenas 0,01% superior ao crescimento da inflação em agosto: 0,66%. A sensação de estabilidade, no entanto, se desfaz quando verificado que o índice de agosto deste ano é o maior desde 2008, fazendo o mesmo tipo de comparação. Para o economista Ênio Viana, tais resultados históricos representam um sinal de alerta para os consumidores.
“O objetivo do governo federal para 2012 é encerrá-lo com uma inflação de 4,5% no acumulado do ano, podendo atingir um nível de dois pontos a mais (6,5%). Porém, o Brasil tem fechado os últimos anos sempre no limite permitido, o que significa um risco, já que possíveis imprevistos causariam impactos ainda maiores nos preços”, explica Viana, concluindo, assim, que a gestão da presidente Dilma Rousseff tem sido flexível na busca por uma inflação próxima do centro da meta.
Questionado sobre que imprevistos poderiam ser determinantes, o economista citou os combustíveis. “O Banco Central tem dito que a gasolina não vai apresentar alta nos valores pelos próximos meses, entretanto, se o mercado internacional do petróleo determinar uma grande alta, o governo terá duas opções: manter os preços e, assim, prejudicar a Petrobras; ou acompanhar o ritmo, o que seria sentido nos produtos vendidos aqui, já que a maioria sofre com a influência do frete (combustível) em seus valores”, exemplifica.
O problema, esclarece Viana, é que, quando se controla a inflação, beneficiando o consumidor, o crescimento econômico do País (PIB) é prejudicado. Esta consequência, afirma, é que o justifica a postura do governo, que não tem interesse em repetir o tímido avanço de 2011: 2,7%.
Produtos com mais impacto
O grupo de itens que mais influenciou no resultado de setembro foi, mais uma vez, o de alimentos da casa, com destaque para a cebola e o maracujá. O primeiro registrou uma alta de 28,65% no seu preço em comparação com agosto, a maior variação positiva para este produto de todas as regiões metropolitanas que participaram do levantamento, 10 pontos a mais que a variação registrada em Porto Alegre, em segundo lugar. O aumento do preço do segundo produto citado foi, na mesma comparação, de 27,29%. O frango inteiro também obteve destaque, apontando um crescimento de 8,36% no seu valor de mercado.
PROTAGONISTA
Promoções foram alívio para arrefecer gasto
Esse último mês de setembro foi um dos piores para quem precisa ir ao supermercado. A cebola, o pimentão, o leite e os derivados de leite, como o queijo, por exemplo, foram os produtos que eu percebi que mais encareceram. Em média, eu gastei por semana R$ 200 para comprar comida para minha casa, no entanto, esse valor seria bem mais elevado se eu não estivesse atenta às promoções dos supermercados.
Aurilúcia Borges
Dona-de-Casa
Fonte: Diário do Nordeste