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Obras paradas em Fortaleza causam irritação à população – DN Cidade

By 10/02/2011No Comments

TRÂNSITO 10/2/2011

Lentidão na conclusão das obras, interdições e desvios tiram a paciência dos fortalezenses que reclamam agilidade

Para resolver um mal crônico da cidade, o remédio tem sido muito amargo. É assim que a população de Fortaleza avalia as obras de intervenções nas ruas e avenidas que se arrastam desde de 2008 e parecem não ter fim.

Os trabalhos, executados exatamente para desafogar o trânsito e dotar a Capital de um sistema de drenagem que protege contras as enchentes, são os que provocam congestionamentos, confusão, acidentes, reclamações e, em alguns pontos, dão um verdadeiro nó no fluxo de 707 mil veículos.

“Inclua aí, além disso, buracos e mais buracos que se multiplicam de leste a oeste, de norte a sul”, pontua o comerciante Sandro Carvalho, que ao vê a reportagem, parou o carro e fez questão de desabafar. “É um drama atravessar a cidade. O pior é que nem sei quando esse drama findará”.

A Prefeitura, por meio do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), promete entregar um pacote de obras em abril próximo. Na lista, as avenidas Jovita Feitosa, Humberto Monte, Luciano Carneiro e Beni de Carvalho/Padre Valdevino, no trecho entre a Monsenhor Catão Mamede a Oswaldo Cruz e a Av. Sargento Hermínio entre a José Bastos e a Avenida Padre Anchieta.

O compromisso assumido é visto com reservas por motoristas, comerciantes, empresários e moradores das áreas interditadas. “Como eles vão entregar se tem obra parada?”, questiona o empresário Júlio César Oliveira. Como exemplo, aponta o trecho das ruas Padre Valdevino e Oswaldo Cruz, que foi fechado para o trânsito e há um mês as obras do Transfor está sem nenhum avanço. O mais grave: durante todo o dia não se vê um único operário trabalhando.

Revolta

“Vamos cantar o aniversário de 30 dias de paralisação com prejuízos para todos aqui”, comenta o motorista Francisco Miranda, que se disse indignado com a intervenção.

Enquanto a obra não anda, o local serve de estacionamento para muitos. “Para mim, que luto por uma vaga, paro aqui no meio da rua que está fechada e tudo bem. Mas sei que o certo é a Prefeitura terminar isso aqui”, ironiza o advogado Paulo José Ferreira de Sousa.

A cena foi observada pela dona-de-casa Maria Tereza Pereira, que se mostra revoltada. “Como pode uma coisa dessas? Essa obra como tantas outras precisam acontecer, mas deveriam andar mais rápido, porque assim não dá”.

O funcionário da loja localizada exatamente no trecho da Padre Valdevino interrompido, Pedro Muniz, diz que já houve uma redução de 70% no movimento da empresa. “Não entendo porque eles não fizeram o trabalho por pequenos pedaços e não fechar tudo e deixar”.

Explicações

O coordenador do Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), Daniel Lustosa, nega que o trabalho esteja parado. No entanto, na manhã de ontem não se via um operário ou máquina nas imediações. “Estamos cientes dos transtornos que as obras causam temporariamente, mas essas são importantes intervenções para melhorar o trânsito em Fortaleza”, diz.

As explicações não convencem porque, em vários pontos da cidade, trechos foram interditados e as obras não têm andamento e não são vistos operários executando o trabalho.

O desafio de circular pela cidade deverá ser aumentado. Lustosa anuncia para junho, o início de outro pacote de obras e interdições. São elas, a Avenida Pontes Vieira em toda a sua extensão até o viaduto da 13 de Maio; a Rua Costa Barros; o trecho da Padre Valdevino; a Rua Oswaldo Cruz até a Avenida Dom Manuel; e o cruzamento da Antônio Sales com Engenheiro Santana Júnior.

“Aí, minha Nossa Senhora!”, apela a professora Joana Maria da Silva França. Ela conta que cruza diariamente a Pontes Vieira em direção à Reitoria da Universidade Federal do Ceará.

Lentidão

Na avaliação do professor de Engenharia de Trânsito da UFC, Mário Azevedo, as obras são importantes, no entanto a lentidão incomoda mais. Além disso, aponta, as intervenções estruturais sozinhas não resolvem. O professor defende que, para o longo prazo, ficam as questões mais complicadas para a Prefeitura: planejamento e educação.

O planejamento, diz, cuja peça principal é o Plano Diretor e a legislação que lhe dá suporte, deve ser encarado como vital, para que a cidade tenha um futuro melhor. Nele são estabelecidas as diretrizes e normas de como a cidade deve ser ocupada e se desenvolver. Simplificando, o que pode ser feito, quando e aonde. “Quando se faz esse planejamento, são consideradas todas as potencialidades e fragilidades da cidade”.

ENTREVISTA
O que pode ser feito para minorar os problemas na cidade?

“As obras deveriam ser feitas em trechos menores. Assim, elas andariam mais rápido e sem transtornos para a população.”

Miguel Ângelo Dias Freire
33 anos
Fiscal

“É muita aporrinhação. O trabalho anda a passo de tartaruga e quem sofre somos nós que precisamos circular.”

José Valmir Martins
60 anos
Motorista

“A obra é importante, mas deveria ser mais rápida e por partes. Assim, fica muito complicado para quem trabalha.”

Cláudio Duarte
26 anos
Porteiro

FIQUE POR DENTRO
Mais segurança

De acordo com o Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor), todas obras recebem serviços de drenagem, pavimentação, terraplenagem, padronização das calçadas, reforma dos canteiros centrais e implantação de nova sinalização.

A Avenida Sargento Hermínio tem serviço diferenciado porque está sendo alargada, no trecho entre a Avenida José Bastos e a Rua Padre Anchieta, passando de 12 para 27,4 metros, com duas faixas por sentido. A obra, que começou em 2008, sofreu atraso em seu cronograma devido ao processo de desapropriações de imóveis. A última pendência judicial foi resolvida no fim de 2010 e a obra está sendo finalizada.

Já para o segundo semestre deste ano, está prevista a conclusão da reforma e ampliação do Terminal de Integração do Antônio Bezerra. Ele passará a ter 29.500 m2 e vai ganhar novas entradas e saídas de veículos pelas avenidas Mister Hull e Coronel Carvalho, visando à implantação de ônibus articulados e acessíveis. Para a integração de pedestres e ciclistas, o terminal está sendo dotado de um “bicicletário” e a Prefeitura promete criar mais vagas de estacionamento para táxi e mototáxi.

LÊDA GONÇALVES
REPÓRTER

Fonte http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=931288

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