faltam ações
Ambulantes são transferidos de um lugar para outro, mas o problema está longe de ser resolvido
O fim do ano está chegando, quando tradicionalmente se espera um maior fluxo de compradores e transeuntes no Centro. Segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), é esperado até um milhão de pessoas por dia neste período. E este será mais um Ano Novo em que os pedestres e motoristas terão de disputar espaço com os camelôs, que, além de tudo, geram uma concorrência desleal com os lojistas.
O problema não é fácil de resolver, mas também não é novo. As políticas e iniciativas anunciadas, muitas. Mas quando, afinal, se passará das discussões para a prática? Quando o Centro deixará de ser uma terra de ninguém?
Henrique Militão é vendedor ambulante há cinco anos. Já trabalhou em quatro locais diferentes do Centro. Começou na Praça Pedro II (Praça da Sé), não se adaptou à Rua José Avelino, seguiu para a Praça Capistrano de Abreu (Praça da Lagoinha) e, neste ano, foi transferido para a Praça Castro Carreira (Praça da Estação). “A gente vê muitas propostas, mas eu não vejo nada pelo ambulante”, opina.
As idas e vindas de Henrique não diferem das dos demais camelôs que ocupam o Centro. Uma história que caracteriza o fracasso do ordenamento urbano nesta área da Capital.
Somente neste ano, o Diário do Nordeste abordou 11 vezes a questão dos ambulantes. Além das matérias sobre os remanejamentos da Praça José de Alencar para a Praça da Lagoinha e desta para a Praça da Estação (esta motivada por determinação da 7ª Vara da Fazenda Pública), também foi tratada a questão da realização de estudos pela Secretaria Regional do Centro (Sercefor) para conhecer o comércio informal no Centro.
Estudos
São duas pesquisas executadas neste ano: um diagnóstico censitário feito pelo Instituto de Estudos, Pesquisas e Projetos da Universidade Estadual do Ceará (Iepro), concluída em setembro, e um perfil socioeconômico executado pela Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor) e Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), fechada na última semana.
As pesquisas são relevantes para dimensionar a realidade da ocupação irregular do Centro e traçar políticas para reverter o quadro. A titular da Sercefor, Luíza Perdigão, disse que os estudos serão divulgados “em breve”, sem precisar uma data.
No entanto, parte desses dados foi apresentada, ontem, durante o Fórum Viva Centro, realizada na sede da CDL. Segundo o levantamento feito pelo Iepro, são 2.081 ambulantes atuando na área compreendida entre a Rua Dr. João Moreira, Avenida Duque de Caxias, Rua Solon Pinheiro e Avenida do Imperador. Só nas praças da área são 656 ambulantes, o que corresponde a 31,52% do total.
Segundo o presidente da Ação Novo Centro, o reordenamento é a chave para uma transformação. “Resolvendo isso, resolve o problema de segurança, gera-se mais empregos”, diz. Para Luíza, é preciso ver que a falta de ordenamento não é um privilégio da Capital, acontece em grandes centros urbanos.
KAROLINE VIANA
REPÓRTER
Fonte http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1057842