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Panfletagem ´empurra´ o consumidor para empréstimo

By 03/06/2011No Comments

dinheiro rápido

Corpo a corpo no Centro da cidade para atrair clientes. Apesar dos juros baixos do consignado, frente às taxas de outras modalidades, é preciso evitar a contratação por impulso  FOTO: KID JÚNIOR

Corpo a corpo no Centro da cidade para atrair clientes. Apesar dos juros baixos do consignado, frente às taxas de outras modalidades, é preciso evitar a contratação por impulso FOTO: KID JÚNIOR

Basta manifestar um mínimo interesse por obter um empréstimo para ter acesso a propostas e convites

Enquanto se dirigem ao local de trabalho, visitam estabelecimentos comerciais ou apenas aproveitam os bancos das praças para descansar e conversar, pessoas que frequentam o Centro de Fortaleza com frequência já não estranham os panfletos e os convites tentadores de empresas que realizam operações de empréstimo consignado.

Através de propostas que muitas vezes seduzem aqueles que precisam de dinheiro rápido, esse tipo de financiamento pode trazer riscos, especialmente para pessoas pouco informadas sobre o assunto, embora a modalidade de tenha juros baixos frente aos de mercado.

Em um dos espaços mais movimentados do Centro, a Praça do Ferreira, panfletos de empresas que realizam empréstimos e outros serviços financeiros são distribuídos por pessoas que voltam sua atenção, principalmente, a idosos. Quando entregue o material publicitário, basta o possível cliente manifestar um mínimo interesse pela ideia de conseguir um empréstimo e o representante da empresa começa a fazer propostas e se oferece para acompanhar o transeunte até o escritório mais próximo.

Facilidade para contratar

Na tarde da última quarta-feira, na Praça do Ferreira e em ruas próximas, pelo menos três representantes de locais que realizam empréstimos anunciavam, em cruzamentos que concentram intensa movimentação ou diante das portas de estabelecimentos, as facilidades para as negociações. “Diariamente a gente recebe esses convites. Quando é no início do mês, tem até mais, porque eles aproveitam que os aposentados estão indo aos bancos para tirar dinheiro”, afirma o também aposentado José Sampaio, que costuma frequentar a Praça do Ferreira. Nas portas dos bancos, acrescenta, por vezes formam-se grupos de até cinco pessoas que ofertam àqueles que chegam ou saem do local propostas de empréstimos.

Precaução

Questionado sobre a possibilidade de contrair um financiamento, o aposentado é enfático: “não quero nem ver”. Um dos motivos da recusa, ressalta, é o fato de determinados estabelecimentos aproveitarem-se da falta de informação dos interessados que, muitas vezes, acabam se endividando e descontrolando suas finanças. Por sua vez, o corretor Audir Silva, de 63 anos, afirma também presenciar, com frequência, o “assédio” de pessoas que tentam atrair clientes para os estabelecimentos. Conforme o corretor, há escritórios no Centro onde os empréstimos são realizados de irregularmente. “Não sei exatamente onde ficam esses escritórios, mas a gente ouve muito falar. Também já soube de casos de pessoas que fizeram esses empréstimos sem saber como funcionava direito e acabaram se prejudicando”, ressalta.

Risco

A ingenuidade de algumas pessoas, associada à falta de conhecimento acerca do financiamento, aponta o bancário Laerte Rocha, é responsável por vários casos de clientes que acabam sendo enganados, até mesmo por estelionatários que fingem trabalhar em bancos. Laerte, que há cerca de 30 anos atua no Centro, afirma que nos últimos anos a divulgação das empresas tornou-se muito mais evidente. “Até porque o empréstimo consignado é uma mão na roda para as empresas. A taxa de inadimplência é muito baixa”, frisa. Em empresas que atuam no Centro, as taxas de juros que giram em torno de 2,5% ao mês e o empréstimo pode ser pago em até 72 vezes.

Estratégia

Em um dos estabelecimentos consultados, a GFT Credmais, frisa a gerente de comercial do estabelecimento, Débora Milfont, a abordagem nas ruas representa uma das estratégias de propaganda.

“Na abordagem, já oferecemos as melhores taxas e diante de nossa propaganda ganhamos mais credibilidade junto ao mesmo (ao cliente)”, aponta. A reportagem consultou o Banco Central sobre as três empresas que presenciou realizando panfletagem no Centro e todas possuem registro para realizarem a operação.

JOÃO MOURA
REPÓRTER

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=991188

Crédito soma R$ 11 mi no CE
saldo à pessoa física

Alta no saldo do crédito às pessoas físicas no Estado foi de 28,2% no primeiro trimestre deste ano ante igual período do ano passado, conforme o Banco Central  FOTO: FRANCISCO VIANA

Alta no saldo do crédito às pessoas físicas no Estado foi de 28,2% no primeiro trimestre deste ano ante igual período do ano passado, conforme o Banco Central FOTO: FRANCISCO VIANA

Apesar dos esforços do governo federal em conter o avanço do crédito no País para frenar o ímpeto da economia, a demanda e a oferta monetária seguem crescendo, mesmo que em ritmo mais cadenciado. De acordo com dados do Banco Central, nos três primeiros meses desse ano, o saldo das operações de crédito a pessoas físicas no Ceará aumentou 28,2% ante igual período do ano passado, fechando o mês de março com a cifra de R$ 10,9 milhões. De fevereiro para o terceiro mês deste ano, a elevação foi de 1,8%.

O saldo é o maior da série histórica do Estado, que começou a ser divulgada em janeiro de 2004. Em apenas três anos, o montante saltou de R$ 4,9 milhões para os atuais R$ 10,9 milhões, um ganho de 122%. O Estado representa fatia de 13,5% do saldo total a pessoas físicas do Nordeste, que assinala cifra de R$ 81 milhões. No ranking por unidade da federação, o Ceará fica atrás apenas de Bahia (21,6 milhões) e de Pernambuco (14,1 milhões). O Nordeste, aliás, é uma prova de que o crédito segue se expandindo. Em todos os estados, houve elevação do saldo.

Pessoas jurídicas
Também em trajetória ascendente, o crédito destinado às pessoas jurídicas no Ceará fechou março no patamar de R$ 16,7 milhões. Com um avanço de 36% ante os três primeiros meses do ano passado, a alta trimestral dessa modalidade de crédito é ainda mais intensa do que a registrada em pessoas físicas. Com esse resultado, o saldo total do crédito cearense (somando pessoas físicas e jurídicas) em março, de acordo com o Banco Central, acumulou o montante de R$ 27,6 milhões.

Inadimplência
A taxa de inadimplência registrada pelo Banco Central no caso do crédito concedido a pessoas físicas ficou em 4,6% no último mês de março, taxa 0,6 ponto percentual inferior à registrada em igual época de 2010, evidenciando que, apesar de as ofertas continuarem em alta, os consumidores têm se envolvido menos em dívidas de um ano para cá.

De fevereiro a março, em contrapartida, houve avanço de 0,1 ponto percentual. Já as empresas estão com a taxa de inadimplência ainda menor no Estado: 1,99%, fatia inferior em 0,5 ponto percentual à de março do ano passado.

No País

As operações de crédito brasileiras mantiveram em abril a trajetória de expansão moderada, observada nos meses anteriores. Segundo dados do Banco Central, o total de empréstimos no mês foi de R$ 1,77 trilhão, com crescimento de 1,3% frente ao observado em março. No acumulado de doze meses, o crédito cresceu 21%. O saldo registrado no mês foi de R$ 1,76 bilhão.

Segundo o BC, os números evidenciam “demanda mais acentuada por recursos livres, em especial por parte do setor produtivo, em contraste com a menor intensidade das contratações pelas famílias”.

A relação crédito/PIB encerrou o mês em 46,6%, levemente acima dos 46,5% observados no mês de março. Em abril do ano passado, a relação era de 44%.

Setor privado

O crédito ao setor privado cresceu 1,4% no mês, chegando a R$ 1,709 bilhões. “Contribuíram para a evolução mensal, além das operações a pessoas físicas, cujo saldo cresceu 1,1%, os aumentos de 2% para o setor industrial, de 1,3% para o comércio e de 0,3% para outros serviços”, disse o BC.

Os saldos das modalidades, no mês, foram de R$ 374,6 bilhões (na indústria), R$ 180,8 bilhões (comércio) e de 0,3% no setor de serviços.

VICTOR XIMENES
REPÓRTER

Opinião do especialista
Medidas mais incisivas seriam necessárias

Diante do atual cenário econômico, o governo está agindo dentro do script: monitorando a expansão do crédito para controlar a inflação. Normalmente, é isso que se faz. Se o mercado está indo muito forte em uma direção, o governo age no sentido oposto. Ocorre que as medidas de aumento dos juros e do IOF não foram suficientes e o crédito segue em expansão. Para que, realmente, haja uma mudança nesse panorama, seriam necessárias medidas mais agressivas, como reduzir a quantidade permitida de parcelas em compras a prazo de 24 vezes para 12 ou de 12 vezes para seis, o que não pode ser descartado. No entanto, pode-se pensar também em aumentar ainda mais o pagamento mínimo de cartão de crédito para 25% ou 30%.

Ricardo Eleutério
Economista

Fonte http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=991198

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