SEM ESTRUTURA
Local considerado um dos principais cartões- postais da Capital, em décadas passadas, hoje, está sujo e mal cuidado
Latas de cerveja, sacos plásticos e folhas secas dividem espaço com os poucos patos, gansos e cisnes, que costumam nadar no Lago do Amor, uma das principais atrações do Parque da Liberdade, também conhecido como Cidade da Criança, no Centro de Fortaleza. Gatos abandonados também são encontrados com facilidade. A situação do local, antes de encontro de casais apaixonados e de brincadeiras, hoje, causa tristeza em muitos que por lá passam, outrora um dos cartões-postais da Capital.
A aposentada Francisca Batista, 62 anos, lembra bem desses bons momentos na Cidade da Criança. “Quando eu era pequena e morava na Avenida Santos Dumont, o zoológico era aqui e eu vinha quase todos os fins de semana com os meus pais”, recorda, saudosa.
Depois, mesmo morando mais distante, no Jardim das Oliveiras, Francisca Batista ainda levou a filha Roberta para se divertir algumas vezes, no início da década de 1990. “Gostava de brincar com ela nos balanços. Aqui, era muito bonito”, conta.
Hoje, a aposentada lamenta a falta de cuidado com o parque. “Há dias que a gente passa e só encontra os peixes, disputando oxigênio, nadando na sujeira, no maior mau cheiro”, diz.
Recordações
A auxiliar de serviços gerais Maria das Graças Silva também guarda as recordações dos tempos áureos do logradouro. “Vinha aqui sempre quando meu filho era pequeno. Tenho uma foto dele em cima da ponte, em 1973. É muito triste ver esse lugar, assim, sujo”, fala.
Outra reclamação de Maria das Graças é a falta de segurança nos arredores. “Na semana passada, fui assaltada na calçada do lado de fora do parque. Infelizmente, sempre tenho que passar por aqui, mesmo sendo perigoso”, ressalta.
A estudante Darliane Silva também costuma frequentar o local com a filha Kailane, de dois anos. Porém, não descuida um instante, por medo de a pequena cair no lago. “Aqui deveria ter grades para proteger as crianças. Se a mãe for desatenta, pode acontecer um acidente”, alerta.
Conforme a titular da Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor), Luciana Castelo Branco, a limpeza do Lago do Amor é feita mensalmente. Para restaurar os bancos, a pintura e os prédios da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) está em andamento uma obra da Prefeitura de Fortaleza, que deverá ser concluída até o fim da gestão.
Quanto à instalação das grades, a secretária esclarece que não é possível pelo fato de o parque ser um patrimônio histórico. “Não estamos autorizados a fazer nenhuma alteração no local. Até coisas simples, como a poda das árvores, temos que pedir autorização ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e à Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor)”, explica a gestora.
Segurança
Quanto à segurança, a assessoria de imprensa da SDH, sediada no local, informa que quatro vigilantes particulares trabalham na área, com revezamento em dois turnos, manhã e noite.
Sobre os gatos abandonados, o titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Adalberto Alencar, comenta que já existe um grupo de trabalho, organizado em parceria com o centro de zoonoses, a Universidade Estadual do Ceará (Uece) e várias entidades da sociedade civil, que realizará esterilizações nos animais, além de palestras de educação ambiental para as comunidades do entorno.
FIQUE POR DENTRO
Equipamento foi inaugurado no século passado
O Parque da Liberdade ou Cidade da Criança, como também é conhecido, está localizado no Centro de Fortaleza, logo atrás da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, e tem uma área total de 26.717 metros quadrados. O equipamento foi inaugurado, oficialmente, no ano de 1902 e passou a ser chamado de Cidade da Criança, em 1936. Depois, em 1948, voltou a ser denominado de Parque da Liberdade. No ano de 1951, o local passou a abrigar o Minizoo e também foi sede da Escola Alba Frota, hoje instalada na Rua 25 de Março.
KELLY GARCIA
REPÓRTER
Fonte: Diário do Nordeste