PRAÇA JOSÉ DE ALENCAR
Reforma prometida desde 2013 ainda não saiu do papel. No local, frequentadores criticam situação de abandono.
Quem passa pela Praça José de Alencar, entre a Rua General Sampaio e a Avenida Tristão Gonçalves, no Centro de Fortaleza, se depara com um cenário de caos e abandono. Além do comércio ambulante irregular e estacionamento no espaço onde era o Beco da Poeira, agora barracos, feitos com madeira de tapumes e lonas pretas pelos moradores em situação de rua, ocuparam o centenário e importante logradouro.
Sem-tetos utilizam a praça como dormitório (colchões espalhados pelo chão) e mesmo como banheiro. A visão é de tristeza e preocupação: de um lado, a praça entregue ao “deus-dará”, do outro, está um dos mais importantes equipamentos culturais da capital cearense, o Theatro José de Alencar.
Alguns frequentadores do local se mostraram indignados também com os animais abandonados e o monumento em homenagem a José de Alencar que está pichado. Todos dividem espaço com os tatuadores ilegais, vendedores de CDs e alimentos e rezadores.
A balconista Maria José Almeida conta que só tem coragem de passar pela praça pela manhã. “Nem pensar à noite. Tenho que fazer um percurso maior de volta para casa”, afirma ela, acrescentando que teme ser assaltada principalmente após as 18h.
Insegurança
Quem se aventura pelo meio do logradouro diz que é preciso ficar atento para evitar assaltos. “Teve dia que quase levei uma pedrada de um sem-teto que ainda me perguntou o que estava olhando”, relata o auxiliar administrativo Pedro Paulo Pereira Júnior.
Insegurança, sujeira, buracos e pedras soltas chamam atenção. Apesar da presença de garis no local, é grande o acúmulo de entulhos, copos descartáveis e papeis pelo calçadão.
“A situação é bem complicada. Tem até policiais militares que passam, mas não fazem nada e é somente durante o dia. A Guarda Municipal para proteger o patrimônio público nunca nem botou os pés por aqui. Já presenciei algumas cenas de violência”, comenta um dos vendedores de cachorro-quente, que não quis dizer o nome, com medo de represália.
A reforma da praça está prometida desde 2013 e não saiu do papel. As obras de requalificação do espaço estavam previstas para novembro passado, mas não foram iniciadas até agora. Segundo a assessoria da Secretaria do Centro (Sercefor), a responsabilidade dos trabalhos é da Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf), no entanto adianta que o processo de licitação ainda está em curso, mas sem prazo definitivo para começar. A perspectiva é de, no máximo, no primeiro semestre de 2015, garante a Sercefor.
Investimento
Está previsto investimento na ordem de R$ 9,1 milhões e inclui melhorias na iluminação, mudança de piso, novo mobiliário urbano, como bancos e cerca para as árvores, além de paisagismo. A meta também é cadastrar os ambulantes do local, hoje, em torno de 250. A maioria totalmente irregular.
A Polícia Militar informa que três policiais realizam o patrulhamento da praça. Além disso, quatro viaturas circulam pelo entorno. A praça José de Alencar já serviu recentemente como feira-livre de confecção. Durante vários anos, o logradouro foi um dos principais pontos de ônibus da cidade. Já em 1960 se falava da retirada do tráfego de ônibus pelo local. Com a entrega da Praça da Estação, em 1971, 14 linhas foram transferidas. Em 1979, aconteceu a primeira reforma no local.
Ao redor da praça, estão a Superintendência Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o edifício Philomeno Gomes, a Igreja Nossa Senhora do Patrocínio e o Centro de Especialidades Médicas José de Alencar.
Lêda Gonçalves
Repórter
Fonte: Diário do Nordeste.