PREFEITURA X EMPRESÁRIOS (22/7/2009)
Reunião na sede do Sindilojas, ontem, foi uma espécie de apresentação formal da secretária do Centro, Luíza Perdigão
O clima era de otimismo numa reunião que contou, ontem, na sede do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), com a participação de representantes da Prefeitura Municipal e empresários que atuam no Centro de Fortaleza. Eles discutiram soluções para os problemas do bairro.
Foi uma espécie de apresentação formal da titular da Secretaria Executiva Regional do Centro de Fortaleza (Sercefor), Luíza Perdigão. “Minha missão não é nem um pouco agradável; é cheia de ônus, mas, como não sou candidata a nada, ela será mais fácil”, brincou ela, antes de sua apresentação, intitulada Diagnóstico do Centro: uma busca compartilhada de soluções. “A requalificação do Centro já começou e é um processo irreversível, custe o que custar. Temos muita pressa”.
As declarações da secretária deixaram animados os empresários, que aproveitaram para expor suas principais queixas – devidamente anotadas por Luíza. Algumas disseram respeito ao trânsito, acessibilidade e à falta de estacionamentos no Centro, mas a maior parte dos debates ficou concentrada na ordenação do comércio ambulante e no projeto do poder público de estímulo à atração de moradias para a região.
De acordo com a secretária, o Centro deverá passar em breve por um “choque de legalidade”, depois do qual não serão permitidas atividades ilegais. “A lei existe e está aí para ser cumprida tanto por ambulantes, quanto por empresários e usuários”, ressaltou. “Vivemos numa Fortaleza que pode vir a ser Bela e todos nós somos responsáveis por isso”.
Luíza classificou o encontro como oportunidade ímpar para o debate em torno do Centro. “Os problemas são conhecidos e não me importo em discuti-los. Vou me importar, se daqui um ano eles persistirem”, declarou em meio a aplausos.
Para a secretária, a solução dos problemas do Centro passa por uma gestão compartilhada. Luíza afirmou que o bairro vem de um período de desconstrução e que chegou à ruína nos anos 2000. “Grande desafio é a construção do bairro que queremos. Hoje, o Centro conta com 40 cortiços e produz 70 toneladas de lixo por dia”, revelou. “Isso é um sinal de que algo precisa ser feito e rápido. É preciso fazer algo que dure para as próximas gerações. Da forma como está todos saem perdendo”.
O presidente da Ação Novo Centro, Riamburgo Ximenes, afirmou que o problema do bairro não é apenas de desordenamento urbano e que “diversas ações precisam ser colocadas em prática ao mesmo tempo para que os resultados apareçam”. Ximenes ressaltou que os empresários se colocam à disposição da Prefeitura para contribuir com o processo de requalificação, mas cobrou energia e empenho. “Sem boa vontade, não vamos chegar a lugar nenhum”, opinou.
Ele destacou que os ambulantes são uma questão social, mas que para cada vendedor informal nas ruas são três empregos formais que deixam de ser gerados. “Os próprios camelôs reclamam da concorrência predatória entre eles”.
O QUE ELES PENSAM
Qual a solução para o bairro?
Acredito que os problemas do Centro podem ser resolvidos com uma gestão compartilhada entre lojistas, empresários e a Prefeitura. Inevitavelmente, essa é a saída. Nesse sentido, o reordenamento dos camelôs aparece como maior desafio. O comércio ambulante hoje é o principal problema. Tem também a questão do lixo. É preciso cuidar melhor dessa galinha dos ovos de ouro. É preciso trazer de volta as pessoas, preservar a história e desmistificar a essa imagem negativa de violência e sujeira.
Séptimus Andrade
Presidente do Sindilojas
O Centro tem tudo para ser requalificado, a partir do momento em que forem colocadas em práticas medidas disciplinares. Os maiores problemas da região são o comércio ambulante desordenado, o trânsito caótico e a poluição visual. O Centro tem a maior arrecadação de ICMS do Estado. Precisa é de uma ação rápida, que nunca veio. Falta vontade política e, quando isso acontece, falta moral para tomar as decisões que precisam ser tomadas. Fica até difícil para os gestores atuarem dessa forma.
Maia Júnior
Presidente da Ascefort