O novo valor começa a vigorar em 7 de novembro. O índice de reajuste da passagem é o maior desde fevereiro de 2003. A tarifa estudantil passará para R$ 1,30, uma alta de 8,3%.
Por Andreh Jonathas [email protected]
A tarifa municipal de transporte urbano de Fortaleza subirá de R$2,40 para R$2,75 (inteira) a partir de 7 de novembro. O novo valor representa alta de 14,58%, o maior índice desde fevereiro de 2003 – ano em que houve dois reajustes – quando a tarifa passou de R$ 1,20 para R$ 1,40. Já o que é pago pelos estudantes subirá de R$ 1,20 para R$ 1,30, alta de 8,3%, passando a representar 47% da tarifa cheia.
Para uma família de quatro pessoas, em que cada uma paga duas passagens por dia durante os 253 dias úteis de um ano, o impacto a mais é de R$ 708 na família – quase um salário mínimo.
O último reajuste na tarifa de ônibus urbano em Fortaleza foi feito em janeiro deste ano – mas referente a 2014. Desde então – janeiro a setembro – a inflação oficial acumulada no País está em 8,24%. Se considerada a inflação acumulada desde novembro de 2014, data-base para o reajuste, a inflação é de 8,48%. Ambos os índices, abaixo do reajuste da tarifa. Mas as empresas explicam a diferença com a inflação específica do setor.
O índice requerido pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) foi de 20,83%, com a tarifa chegando a R$ 2,90, o que não foi aprovado pela Prefeitura. Mesmo este valor ainda não seria o ideal, conforme Dimas Barreira, presidente da entidade. Ele afirma que, para o equilíbrio do sistema, a passagem deveria custar R$ 2,95. Com o que foi aprovado, diz ele, as empresas terão que cortar custos e investimentos.
O presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), Antonio Ferreira, esclarece que está sendo seguida a metodologia de cálculo de tarifa e cumpre os contratos de concessão. “Os combustíveis subiram seis vezes do último reajuste para cá. E a folha de pagamento foi mais de 50%. Muitos equipamentos estão atrelado ao dólar, que teve alta de 43%. Esse reajuste na tarifa é para repor essas perdas e cumprir o contrato de concessão para manter o equilíbrio do sistema”.
Ar-condicionado
Rodam em Fortaleza 194 ônibus com ar-condicionado. O presidente da Etufor ressaltou que serão mais cerca de 200 ônibus com o equipamento em 2016. “A partir de 1º de dezembro de 2015, não entra mais nenhum ônibus no sistema sem ar-condicionado”.
Impacto empresarial
Conforme o economista Alex Oliveira, a alta impacta no poder de consumo do cidadão, consequentemente nas vendas do comércio, por exemplo. Além disso, quem paga vale-transporte também vai absolver essa alta. “É quase uma indexação da inflação na economia. Isso gera um efeito cascata que é muito nocivo”.
Fala, internauta
Renato Bezerra
O pessoal quer andar em veículos novos, com ar-condicionado, o combustível aumentando, e não querem pagar a mais por isso e ainda vem dizer que a culpa é do prefeito… Acho que não…!
Jaysse Salvador
Isso é covardia. Meu Deus! E vão comer os 5 centavos na moleza, nunca vai ter 5 centavos de troco. E outra, quem paga inteira aumentará 35 centavos? Nossa, que roubo. E agora sair com 5 reais já não dá mais.
NÚMEROS
40 centavos era quanto custava a passagem em Fortaleza em 1994
Bate-pronto
Antonio Ferreira, presidente da Etufor
O POVO – O aumento de eficiência em função das faixas exclusivas e dos BRTs não deveria impactar para baixo a tarifa?
Antonio Ferreira – O que nós temos feito de 1992 para cá é inserir mais ônibus, aumentando o custo. Faixas exclusivas aumentam a eficiência e reduzem custos. O binário Santos Dumont/Dom Luís aumentou a velocidade média comercial em 207%. Na Dom Luiz, na faixa exclusiva, de 144%. Até julho do próximo ano, vai continuar implantação de faixas exclusivas.
OP – Qual a expectativa para a frota com ar-condicionado?
Ferreira – Desde 1º de dezembro de 2014, não entra mais nenhum ônibus no sistema sem ar-condicionado. Temos 194 ônibus com ar-condicionado. Para 2016, serão 200 novos do tipo.
OP – Há cidades em que o transporte público é subsidiado. Se necessário, a Prefeitura de Fortaleza fará isso?
Ferreira – A manutenção da tarifa durante a gestão passada foi desonerando a carga tributária. Não tem mais imposto direto a ser retirado. O sistema de Fortaleza é autossustentável.
Fonte: Jornal O Povo.