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Uma cidade cultivada pelo humor irreverente de seus moradores

By 15/04/2013abril 16th, 2013No Comments

Um boneco simples e um diálogo pontuado pelo tom elogioso na frente de seu interlocutor, seguido de uma “tesourada” daquelas. Assim se projetou Coxinha, que virou, inclusive, sinônimo de falsidade. Quem nunca riu com a paródia de Hiram Delmar, jogue a primeira pedra. O cearense tem o humor na veia. Gracejar de situações do dia-a-dia é traço característico dos conterrâneos de Chico Anysio, Renata Aragão (Didi), Ciro Santos, Wellington Muniz (Ceará), Tom Cavalcante, Falcão, Adamastor Pitaco e muitos outros que fazem do riso uma profissão.

Fortaleza celebrou no último sábado, 13 de abril, 287 anos. O DNA do humor cearense se perpetua todos os dias entre os moradores da capital. Do mercado que vende peixe ao mais sofisticado restaurante, uma marca em comum, o contador de piada. Dos bancos da escola ao mais sóbrio dos ambientes profissionais, um elo, o moleque que graceja de si e dos outros. Não há assunto tabu, tudo vira graça nas mãos dos comediantes amadores ou não. O que seria das rodas de conversas, se não houvesse no meio delas o famoso gaiato? E assim Fortaleza acorda e dorme todos os dias, embalada pela alegria saliente de seus moradores.

Riso hereditário
Para o humorista Adamastor Pitaco, o segredo do bom humor de Fortaleza é sua herança do riso, que atravessa gerações. “O Ceará foi fundado por um humorista, acho que é hereditário, passa de pai pra filho. Não vejo essa terra sem riso. É um lugar de povo alegre, brincalhão. Onde faço show descubro de longe quando tem um cearense no meio da platéia”, comenta.

Ainda de acordo com o humorista, a cidade se destaca muito mais pela projeção de nomes consagrados como Chico Anysio, Renato Aragão, dentre outros. São profissionais cearenses, oriundos de diversas cidades do Estado, mas que atraem olhares para sua capital.

O comediante Aluísio Junior afirma que Fortaleza seria uma cidade muito diferente se não tivesse o seu bom humor cotidiano. “O nosso cearense é gaiato por natureza e respira humor a cada segundo”, pondera.

O fortalezense sabe que carrega dentro de si, por menor que seja, um talento nato para o humor. Não é a toa que Pitaco aponta que a “cada esquina aparece uma pessoa engraçada, mesmo sem ter coragem de subir ao palco, mas espirituosa”. A cidade acostumou-se a produzir o gracejo rasgado, com seus contadores usando roupas de palhaço, a exemplo de Tiririca, ou se vestindo de mulher como Ciro Santos. A irreverência cearense se expande para novas formas de fazer rir. Adamastor Pitaco cita o “stand up comedy”, um jeito diferente de humor, onde saem de cena as roupas coloridas e entra o comediante de cara limpa, traçando o paralelo da graça com a crítica mais ácida. Quando o assunto é fazer rir, Fortaleza não se intimida e parte na frente.

É o caso de Aluísio Junior, que admite a mudança nos rumos do humor e adapta parte dos seus shows ao estilo “stand up comedy”, sem perder o próprio DNA. “O humor vem mudando . Eu mesmo a cada show tento colocar um pouco de stand up e umas piadas com contexto atual para que diferencie daquele humor de personagens femeninos tradicionais”, relata o comediante.

Neste contexto, Pitaco e Aluísio assumem sua satisfação pessoal em trabalhar com a comédia. “É prazeroso despertar o sorriso nas pessoas, por isso sinto-me gratificado na minha profissão”, afirma Pitaco. Aluisio acrescenta: ” É algo que compensa.  Além de hoje em dia a gente poder viver só do humor, podemos fazer nosso trabalho e o que gostamos com mais vigor”.

Fonte Agência da Boa Notícia
Fonte Agência da Boa Notícia