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Varejo do Centro deixa de contratar 3 mil

By 07/08/2010março 12th, 2011No Comments

INFORMALIDADE E GREVES (7/8/2010)

Comércio informal desordenado e greve dos motoristas de ônibus influenciaram na decisão de não criar vagas  FOTO: ANDRÉ LIMA

Comércio informal desordenado e greve dos motoristas de ônibus influenciaram na decisão de não criar vagas FOTO: ANDRÉ LIMA

Números expressivos do trabalho informal são entrave para o avanço das vagas de emprego do Centro da cidade

O momento é positivo para o varejo de Fortaleza. Mas a certeza de que mais empregos poderiam ser gerados na área central da cidade é compartilhada entre lideranças do comércio na Capital. Pelo menos 3 mil vagas temporárias deixaram de ser geradas no período que antecede o Dia dos Pais, segundo a Associação dos Empresários do Centro de Fortaleza (Ascefort).

A expectativa não se concretizou, conforme os representantes do comércio, em função de fatores como o número expressivo de comerciantes informais e a falta de ordenamento que desafia os micros e pequenos empresários do bairro. Além disso, as ameaças de paralisação dos motoristas de ônibus deixaram os consumidores receosos na última semana e, consequentemente, os comerciantes, que optaram por não criar vagas.

Para o presidente da Ascefort, João Maia Júnior, a concorrência desleal com os ambulantes tem levado o bairro a um estado preocupante. “Tem muita loja mudando de dono. Alguns dos que estão saindo estão indo para a informalidade”, conta. Segundo o presidente do Sindilojas, Cid Alves, os comerciantes informais têm invadido espaços públicos e privados, desafiando a legislação. “A concorrência do vendedor ambulante que não paga imposto, na calçada do comerciante, tem causado desemprego. Para cada camelô que vende o mesmo produto, ele gera cerca de três a quatro desempregados”, calcula Cid Alves. O presidente do Sindilojas lembra a carga tributária a que o comerciante formal é submetido, mas que é negligenciada por boa parte dos ambulantes. “O comerciante acaba pagando IPTU para que o ambulante utilize, pois muitos deles ocupam as calçadas das lojas. Isso vem gerando desemprego no comércio que está na frente”, avalia.

Perdas

O presidente da Ação Novo Centro e diretor da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL), Riamburgo Ximenes, também vê com preocupação a situação do Centro da cidade e o grande número de trabalhadores informais no bairro. “Há uma desordem muito grande no Centro de Fortaleza. Há um afugentamento do consumidor. Cada vez os shoppings e lojas e outros bairros crescem mais”, observa.

Para Ximenes, todo mundo acaba saindo perdendo com o problema enfrentado pelo bairro, mas, em especial, os micros e pequenos empresários tem sido os principais prejudicados com a informalidade. “Do jeito que está não está servindo a ninguém. Mas não só a nós comerciantes. Eles (ambulantes) também estão sofrendo uma concorrência desleal. Estão comprando seis e vendendo meia dúzia. Hoje tem vendedor informal vivendo em estado muito precário”, avalia o dirigente.

Comércio predatório

Atualmente, o Centro da cidade tem 965 ambulantes cadastrados, mas, segundo Riamburgo Ximenes, o número de informais chega a um total 10 vezes maior que esse. A realidade do bairro acaba por prejudicar os próprios comerciantes informais. “O que está acontecendo atualmente pode ser comparado a um aquário superlotado de peixes. Vai chegar uma hora que uns vão comer os outros para sobreviver”, avalia .

Segundo João Maia Júnior, já existem produtos no Centro que não estão mais sendo vendidos pelo comércio formal. “Não se pode vender meias ou guarda-chuvas nas pequenas e médias lojas. Os ambulantes comercializam por um valor menor, e a nossa mercadoria acaba por se tornar apenas um parâmetro para o cliente comprar o que está sendo vendido mais barato”, conta Maia Júnior.

Baseado nisso, Cid Alves acredita que o bairro poderia render bem mais, frente ao momento positivo que o varejo vive no Estado. “O Centro poderia crescer muitas vezes mais se não houvesse esse problema ilícito. Isso causa um prejuízo direto. Chega a ser paradoxal como a Prefeitura não combate algo que poderia influenciar na geração de receitas”, avalia Cid Alves. Já Ximenes vê perdas para todos. “Primeiro perde a população, segundo os lojistas, terceiro o Estado. Em todas as instâncias deixa-se de arrecadar”.

Falta de ordenamento

Os líderes do comércio deixam claro que não são contra a presença de ambulantes nas ruas do Centro. A questão é a quantidade deles e a falta de ordenamento. “Nós não somos contra eles, desde que seja uma quantidade correta. Em cada quarteirão, meia dúzia seria viável”, acredita Ximenes. Para João Maia Júnior, os comerciantes informais podem dar uma dinâmica interessante ao comércio local, desde que tudo aconteça em igualdade de condições. “A população gosta de ter opções, gosta de pechinchar”, diz.

GUSTAVO DE NEGREIROS
Repórter

Fonte: Diário do Nordeste

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=827487

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