DEBATES E IDEIAS 30/1/2011
O anúncio feito há poucos dias, pelo governo federal, da arrecadação recorde de R$ 805,7 bilhões, nos faz pensar sobre o quanto pagamos em termos de tributos e do que recebemos no que tange à péssima qualidade dos serviços públicos. A Receita Federal divulgou que o volume histórico de recursos arrecadados deveu-se ao excepcional crescimento da economia e já antevê para 2011, em relação ao ano que passou, um aumento de 10% em termos de cobrança de impostos e contribuições federais. A notícia é auspiciosa, mas , infelizmente, apenas para os cofres federais. A carga tributária é cada vez mais escorchante e abusiva, violentando os brasileiros não só nos bolsos, mas também em suas consciências. A voracidade com que o governo se aplica a cobrar impostos traduz-se, de outra forma, no sentimento de injustiça vivido pelos cidadãos, submetidos a serviços de duvidosa ou precária qualidade, em todos os quadrantes do território nacional. De fato, paga-se além do devido e recebe-se aquém do (sempre) prometido. Comumente anunciam-se programas em diversas áreas de ação governamental, com promessas mirabolantes de recuperação de hospitais, melhoria no atendimento ou substanciais investimentos em áreas importantes como a educação, a segurança pública, a habitação ou o saneamento básico. Não é, entretanto, o que vemos, na maioria dos casos. Quem se submete a enfrentar as agruras dos serviços públicos de saúde, por absoluta falta de opção, sabe bem quão duro é ver o sofrimento de um parente deitado numa maca num corredor de hospital, necessitando de uma assistência médica que leva horas para ser prestada, apenas para citar um exemplo. Fala-se, há anos, numa reforma tributária que viria a reduzir a iniquidade que representa a cobrança de impostos europeus e a oferta de serviços públicos africanos no Brasil. Com o governo da presidente Dilma, espera-se que saiamos da mera falácia e algo aconteça de concreto neste aspecto, pois os brasileiros pagam os impostos mais elevados do mundo, mas não recebem a contrapartida merecida. Já é mais do que tempo de transformar esta triste realidade!
GILSON BARBOSA
jornalista