AV. ALBERTO NEPOMUCENO
Agentes tentam, em vão, reprimir ocupação dos espaços públicos, enquanto comerciantes insistem nas vendas
A intensa movimentação de vendedores ambulantes e compradores na Avenida Alberto Nepomuceno e entorno da Catedral Metropolitana de Fortaleza, na manhã de domingo, não deixa dúvidas. O espaço público no Centro da Capital foi transformado num imenso camelódromo, onde são comercializadas confecções, artigos de cama, mesa e banho e lanches rápidos.
A fiscalização da Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor) tentou reprimir o comércio irregular nas vias públicas. Contudo, os ambulantes insistiram em trabalhar na área, mesmo com o temor de perderem suas mercadorias. “Estamos realizando a operação enxuga gelo”, ironizou um fiscal da Prefeitura diante da situação registrada na Avenida Alberto Nepomuceno e áreas próximas, na manhã de ontem. O tráfego e a mobilidade no entorno ficaram comprometidos, imperando a desorganização.
A equipe de fiscalização que esteve na área, ontem, pouco pôde fazer. Eram cerca de 30 homens, entre fiscais, assistentes e guardas municipais. Eles pediam, insistentemente, que os ambulantes deixassem os espaços públicos. Os comerciantes seafastavam momentaneamente. Mas, quando a equipe se deslocava para outro ponto, a ocupação se repetia. “Até parece uma brincadeira de gato e rato”, disse outro fiscal, que preferiu não se identificar, enquanto tentava desobstruir as calçadas e parte do asfalto da Avenida Alberto Nepomuceno.
Os ambulantes ocuparam todo o espaço junto à calçada do Mercado Central e até a Rua José Avelino, bem como a calçada ao redor da Catedral Metropolitana, inclusive com a utilização das grades de proteção da igreja como vitrine para confecções. Parte das ruas Sobral e Conde D’eu e da Praça Pedro II também ficaram tomadas.
Detenção
Em meio ao caos urbano, um comerciante foi detido no local por guardas municipais sob a acusação de agredir um fiscal da Prefeitura de Fortaleza no momento de uma abordagem. Ele foi conduzido ao 34º Distrito Policial (DP) para prestar esclarecimentos.
Outro fiscal da Prefeitura que também não quis se identificar foi enfático: “Pense numa tarefa inglória e sem futuro! A gente manda os ambulantes saírem daqui, e eles voltam logo em seguida. Como vamos desobstruir os espaços com uma equipe pequena de fiscais para confrontar-se com mais de mil ambulantes? A saída dos comerciantes daqui só acontecerá, definitivamente, se ocorrer uma mega-operação”.
O ambulante Sidney Vasconcelos reconheceu que o comércio no entorno da Catedral está desorganizado, mas entende que o Município não pode simplesmente retirar os trabalhadores sem oferecer um outro espaço para a atividade. “A gente não tem outro sustento”, disse.
Raimunda Maria é ambulante há oito anos e considera que a Prefeitura poderia liberar todo o espaço no entorno do Mercado Central e da Catedral aos domingos pela manhã para o livre comércio de confecções. Ela acredita que a sugestão agradaria trabalhadores, consumidores e até a Prefeitura.
Já o ambulante Antônio Silva diz que os ambulantes vão permanecer naquela área do Centro para garantir o sustento.
Prefeitura garante fiscalizar
A determinação da Sercefor é de que apenas as ruas José Avelino e Icó, próximas ao Mercado Central, podem ser ocupadas por ambulantes nos dias de feira, ou seja, de quarta para quinta-feira e de sábado para domingo, a partir das 19 horas e até às 11 da manhã do dia seguinte.
Quaisquer outras ocupações naquela área do Centro de Fortaleza serão consideradas irregulares e alvo de fiscalização por parte da Prefeitura, caso ocorram, informou a assessoria de imprensa da Regional. Contudo, os ambulantes prometem resistir a ações que visem impedir sua atividade e fonte de sustento.
A ideia da Prefeitura é requalificar o Centro da Capital, estabelecendo locais específicos para o comércio ambulante. A primeira ação neste sentido por parte do prefeito Roberto Cláudio foi a retirada de comerciantes que ocupavam, há dois anos, a Praça Castro Carreiro (praça da Estação), com a transferência de parte deles para o Beco da Poeira.
A ocupação desordenada do Centro de Fortaleza pelo comércio ambulante é uma questão que tem atravessado as administrações municipais, inclusive com o registro de confrontos entre a fiscalização e os comerciantes, sem que nenhuma solução definitiva tenha sido adotada.
FIQUE POR DENTRO
Outros pontos da Capital recebem fiscalização
Além de tentar reorganizar o comércio ambulante em locais como as ruas do entorno da Catedral e do Mercado Central, a Prefeitura realizou uma ação de retirada de comerciantes da Praça da Estação e devolveu à população o espaço, que é destinado ao tráfego de transporte coletivo.
O Município também tenta conter o avanço da desorganização de feirantes da Feira da Parangaba, retirando-os do entorno do Terminal da Lagoa e do canteiro Central da Avenida José Bastos. Outros lugares ainda receberão ações de fiscalização.
Fonte Diário do Nordeste .