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Cerca de 100 lojas do Centro são de chineses

By 19/12/2012No Comments

De características nômades, chineses residentes de forma regular no Ceará são em número de 354. Desses, 306 vivem em Fortaleza. A maioria é comerciante.

No Ceará, há 354 chineses com registro de permanência definitiva ou temporária. Desses, 306 vivem em Fortaleza. São, na maioria, comerciantes. Os dados são da Delegacia de Imigração (Delemig) da Polícia Federal no Ceará.

Lina trabalha no Centro faz três anos. Gosta de Fortaleza, mas queixa-se da segurança. Diz que o comércio está fraco
Lina trabalha no Centro faz três anos. Gosta de Fortaleza, mas queixa-se da segurança. Diz que o comércio está fraco

O POVO caminhou pelo Centro da Capital, com um intérprete de mandarim, para saber mais sobre esses chineses que deixaram seu país para tentar uma vida melhor no Brasil. Só no Centro, são mais de 100 lojas, conforme levantamento da Ação Novo Centro.

Uma desses lojistas é Lina (nome pelo qual prefere ser chamada), que falou algumas partes da entrevista em português. Ela foi a única que quis conversar com O POVO. Ela conta que chegou a Fortaleza faz três anos e veio por indicação de amigos. Afirma, que, em 2012, os negócios foram muito bons. Agora, além de ter aumentado a concorrência com os próprios chineses, o câmbio desfavorável, associado ao custo do frete, dos impostos e do aluguel está deixando os produtos mais caros.

Antes de chegar a Fortaleza, Lina morou três anos em São Paulo, de onde saiu queixando-se do enfraquecimento do comércio pela saturação de chineses por lá.

Do Ceará, gosta da simpatia, da higiene e do tratamento das pessoas, mas queixa-se da falta de segurança e dos cheques sem fundo que recebe. “Brasileiro engana muito. Tem cheque devolvido de R$ 6 mil, de R$ 9 mil…”.

Assim como grande parte dos chineses no Ceará, Lina é da província de Zhen Jiang, conhecida por enviar seus moradores para todas as partes do mundo. Ela vive com o marido e dois filhos.

No ano de 2012, entraram pelo Aeroporto Internacional Pinto Martins 20 chineses, segundo informações da Polícia Federal (PF). Ainda conforme a PF, vêm, principalmente, de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.

Para conseguir visto de residência no Brasil, alguns chineses (não é o caso de Lina), têm filho no Brasil. Isso facilita a emissão da permanência, já que o Estado brasileiro tem que prezar pela vida do cidadão brasileiro.

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA
O comércio local tem dificuldade de convivência com os comerciantes chineses. Eles são muito competitivos nos preços e têm desde artigos de decoração até roupas. Além disso, não há integração.

Saiba mais

Comércio
Segundo informações da Delegacia de Imigração (Delemig) da Polícia Federal no Ceará, por meio do Núcleo de Cadastro (Nucad), os chineses que estão no Ceará têm características “nômades”, ou seja, não firmam raízes por onde passam. A maioria trabalha com comércio.

Irregulares
“Quanto à quantidade de chineses irregulares no Estado, não temos como prever. O Brasil tem dimensões continentais e os movimentos migratórios domésticos (entre os estados) não têm controle da imigração”, informou Doralúcia Oliveira, chefe em exercício da Delemig.

Difícil relação
Há dificuldades na relação entre o comércio local e as lojas de proprietários chineses, já que o comércio local afirma que eles pagam um aluguel maior do que o comerciante local, tornando os imóveis no Centro mais caros do que em shopping, comentou Assis Cavalcante, presidente da Ação Novo Centro.

Legalidade
Conforme Assis, os chineses do Centro atuam de forma legal. “Eles passam pela Junta Comercial, Receita Federal. Funcionam dentro da lei”, disse.

Qualidade
Assis disse também que os chineses trabalham com produtos que a população gosta de comprar em razão do baixo preço. “No entanto, os clientes reclamam da qualidade desses produtos. A vida útil é pequena”.

Números
354 chineses têm registro de residência permanente no Ceará
100 é a quantidade aproximada de lojas de chineses no Centro

Resumo da série
Durante quatro dias, O POVO mostrou as relações comerciais entre o Ceará e a China. Apresentou os desafios e a importância da China para a economia local.

Fonte Jornal O Povo