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Contas inativas injetaram R$ 2,65 bi no varejo

By 02/06/2017junho 3rd, 2017No Comments

Os recursos provenientes das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) provocaram, no mês de março, um impacto positivo de R$ 2,65 bilhões nas vendas do comércio varejista brasileiro. Entre os ramos do varejo nacional mais impactados estão: vestuário e calçados (R$ 1,19 bilhão), materiais de construção (R$ 594,4 milhões), móveis e eletrodomésticos (R$ 530,2 milhões) e farmácias, perfumarias e cosméticos (R$ 337 milhões). Os números foram divulgados, ontem, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O valor movimentado pelos quatro segmentos corresponde a 48% dos R$ 5,5 bilhões que foram sacados em março – de acordo com a Caixa Econômica Federal –, a 6,2% das vendas mensais desses segmentos e a mais da metade (54%) do faturamento auferido por esses setores em um dia de vendas. Dados de março da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC/IBGE) mostram que os quatro segmentos impactados positivamente pelos recursos de contas inativas do FGTS reagiram favoravelmente após o início dos saques.

Destaques
Com alta de 11,7%, o ramo de vestuário e calçados registrou seu maior aumento real de vendas desde fevereiro de 2011 (14,1%). De forma semelhante, as vendas no ramo de móveis e eletrodomésticos subiram, em média, 10,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado, taxa que não se observava desde julho de 2013 (11%). Já as vendas nas lojas de materiais de construção, que registraram crescimento de 9,4%, não subiam tanto desde fevereiro de 2014 (16,7%). Até mesmo nos estabelecimentos especializados na venda de produtos farmacêuticos, cosméticos e artigos de perfumaria, onde houve queda de 1,8%, a perda observada nas vendas em março foi a menor dos últimos meses.
O recuo no valor médio das prestações de empréstimos e financiamentos contraídos pelos consumidores também contribuiu para a reação das vendas nos segmentos que dependem das condições de financiamento de médio prazo. Cálculos da CNC mostram que, considerando-se a taxa e os prazos médios vigentes das operações com recursos destinados às pessoas físicas, o valor médio dos empréstimos e financiamentos teve recuo real de 5% nos últimos 12 meses. Dessa forma, o mês de março teve o maior avanço mensal da série histórica – iniciada em 2011 – na concessão mensal de crédito com recursos livres às pessoas físicas (+6,5%). Os dados são do Banco Central e eliminam os fatores com ajustes sazonais.
Dada a alta propensão de consumo no Brasil, a CNC conclui que a destinação de menos da metade dos recursos liberados das contas inativas do FGTS corrobora a percepção de que o alto grau de endividamento das famílias no mercado de crédito verificada nos últimos anos contribuiu para reduzir o impacto positivo desses recursos no varejo brasileiro.
O estudo da CNC baseia-se no comportamento das vendas e dos preços no varejo medidos através da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), em indicadores do mercado de trabalho disponibilizados mensalmente, através do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), além do comportamento da concessão de crédito ao consumidor divulgado, mensalmente, pelo Banco Central.

Alta das vendas não são apenas devido ao FGTS

Segundo o economista da CNC, Fábio Bentes, apesar de ter contribuído consideravelmente para o aumento no volume de vendas, não se pode atribuir, unicamente, ao fator FGTS, a recuperação parcial do comércio ao longo de 2017. “As quedas sucessivas dos preços médios praticados por alguns segmentos do varejo e o recuo no valor das prestações nas operações de crédito voltadas para pessoas físicas também favoreceram o processo”, afirma o economista.

Além disso, apesar de as evoluções dos preços médios praticados no varejo, bem como o resgate parcial das condições de crédito e a liberação de recursos das contas inativas do FGTS, terem contribuído para a recuperação do varejo brasileiro, Bentes avalia que eles não serão suficientes para reverter a crise que se estabeleceu no País desde 2014. “A reação mais contundente do mercado de trabalho nos próximos meses é ainda de extrema importância”, enfatizou o especialista.

Contas inativas injetaram R$ 2,65 bi no varejo