História 28/2/2011
O trabalho debaterá o esvaziamento do Centro de Fortaleza e a importância da confraria para o resgate do bairro
Em meio a um Centro marcado pelo vazio e pelo abandono, há um espaço preenchido, principalmente aos domingos, pelas conversas e animação de intelectuais, como médicos, escritores e políticos. Há 32 anos, surgia na Travessa Crato, entre as ruas Conde D´Eu e General Bizerril, o “Raimundo dos Queijos”. Um lugar que mistura as características de bar, frigorífico e confraria. Esta última é a denominação mais utilizada por seus assíduos frequentadores e tem como significado irmandade, conjunto de pessoas com os mesmos interesses.
Um desses frequentadores, Pedro Carlos Alvares, decidiu registrar, em vídeo, toda a importância do local para o resgate e a valorização do Centro da Capital cearense. Os trabalhos do documentário “Raimundo dos Queijos – A Confraria do Centro” começaram ontem com a marcação das cenas.
As filmagens estão previstas para o próximo dia 13, e a sua exibição para o dia em que Fortaleza completará 285 anos, 13 de abril. O curta será apresentado em telões na própria Confraria, no Passeio Público e na Praça do Ferreira, todos na área central.
Segundo o diretor, o documentário, diferente de um primeiro já gravado, contará com imagens e depoimentos de todos que fazem parte da história do lugar com comentários sobre importantes prédios históricos do bairro e propondo propostas de como resgatar o Centro de Fortaleza.
“O trabalho passará pelos principais pontos históricos do bairro, começando pela Ponte Velha, seguindo pelo Paço Municipal até chegar ao Raimundo dos Queijos. Vamos mostrar como o Centro está, cada vez mais, vazio e como a Confraria vem preencher este vácuo e assim impulsionar o retorno das pessoas ao bairro”, comenta Pedro Carlos, frequentador do espaço há cinco anos.
União
Para a realização do curta, o diretor conta com a doação dos amigos e companheiros de conversa. Portanto, a atitude segue a risca a principal peculiaridade da Confraria: a contribuição e a partilha de tudo o que se consome no local, como bebida e comida. Há grande chance do “Raimundo dos Queijos” ser um dos únicos espaços “comerciais” da cidade, ou quem sabe do Estado, onde não se paga pelo que se come, a conta do que se bebe é dividida e os dez por cento dos garços e o couvert artístico da banda são rateados entre todas as mesas.
O personagem principal do documentário é de poucas palavras, sorriso tímido e de semblante feliz. Aos 75 anos, e 32 de profissão, Raimundo Oliveira Araújo, o “Raimundo dos Queijos”, diz achar importante o trabalho de gravação do vídeo, já que “tudo o que vem em benefício do seu comércio é sempre muito bem-vindo”.
“Fico muito alegre em fazer parte disso e poder contribuir. Aqui só tem gente amiga, tranquila, de conversa boa”.
O escritor Juarez Leitão diz que o “Raimundo dos Queijos promove a recuperação do Centro que estava praticamente morto e afasta a tendência do bairro de desaparecer”.
JÉSSICA PETRUCCI
REPÓRTER
Fonte Diário do Nordeste
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=941274
Fortaleza bela Centro histórico turismo e lazer