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Roteiro desativado

By 13/03/2011No Comments

EDITORIAL 14/3/2011
Até poucos anos atrás, os roteiros turísticos de Fortaleza ainda destinavam alguma atenção aos aspectos culturais da cidade, grande parte deles concentrada no seu Centro histórico. A crescente valorização dos apelos de lazer existentes ao longo da orla marítima da Capital e em municípios litorâneos próximos, aliada à deterioração material e à ausência de segurança no perímetro urbano central, praticamente anulou esse importante item da visitação turística, embora ele ainda seja bastante requisitado por aqueles que não se restringem apenas aos atrativos das praias, do sol e belezas naturais.

No Centro de Fortaleza, estão localizadas importantes instituições que, lamentavelmente, não mais constam dos percursos habitualmente cumpridos pelas operadoras turísticas. São inúmeros os casos a citar, entre eles, o secular Theatro José de Alencar, considerado uma das mais importantes obras arquitetônicas do País em seu gênero.

A praça onde se situam o Theatro e a igualmente centenária Igreja do Patrocínio encontra-se tomada por inúmeros vendedores ambulantes e parcialmente interditada pelas obras do futuro metrô de Fortaleza, cuja construção se arrasta em torno de uma década. Também se localiza no Centro o Museu do Ceará, no belo prédio da antiga Assembleia Provincial, em estilo neoclássico, de construção datada de 1871. Ali se encontra o mais importante acervo histórico do Estado, no qual se inclui o livro de prata em que foi lavrada a Abolição da escravatura no Ceará.

A Catedral Metropolitana de Fortaleza, cuja praça limítrofe também é vítima da desordenada ocupação de áreas vitais do Centro, é a terceira maior do País e foi projetada pelo francês Henri Le Mounier. O Palácio da Luz, onde funcionou a sede do governo estadual, abriga a Academia Cearense de Letras. O prédio foi erigido no fim do século XVIII e, embora parcialmente demolido e deturpado em sua arquitetura original, constitui um dos referenciais da memória fortalezense.

Situa-se ao lado da Igreja do Rosário, o mais antigo templo citadino, construído rusticamente em taipa no ano de 1730, por escravos africanos, e reconstruído posteriormente em pedra e cal, na segunda metade do século XVIII. Na praça ao lado, também estão as estátuas da escritora Rachel de Queiroz e do General Tibúrcio, esta última atualmente servindo de valhacouto a marginais e desocupados para consumo de drogas e como infecto depósito de detritos.

Próximo ao imponente prédio da Estação Ferroviária, está o Centro de Turismo, sediado na antiga Cadeia Pública e local outrora bastante movimentado, inclusive no período noturno, mas hoje destituído de alguns dos seus principais equipamentos, tais como o Museu de Arte e Cultura Populares e o Teatro Carlos Câmara.

Esses e outros lugares históricos, como o Passeio Público, são praticamente desconhecidos dos visitantes, quase sempre apenas incluídos em roteiros turísticos extremamente convencionais, que lhes fazem perder a oportunidade de travar contato com a verdadeira característica da Capital cearense, exatamente naquilo em que ela possui de mais visceral e autêntico. A história e a cultura são componentes intrínsecos da identidade de um povo e da cidade em que ele vive.

Fonte Diário do Nordeste
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=946771

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